One day at a Time é o novo álbum de Kodaline. A banda revela, uma vez mais, um trabalho exótico e bem desenhado.

Desequilibrado, radiante e sorridente: contagia, mas não termina com a sede dos ouvintes sedentos da primazia habitual do quarteto.Atrevo-me a dizer que é um álbum feito à medida para aqueles que morrem de amores e por causa deles.

radiocomercial.iol.pt

Põe a pratos limpos o fim de uma relação, a esperança, a desavença e a superação. Por momentos as faixas confidenciam nos segredos (“Sometimes”), noutros parece-me que falam connosco e exclusivamente para nós (“Heart Open”).

Ouso, ainda, rotulá-lo como fingidor. Grande parte das músicas estão preenchidas de uma angústia louvável e são apresentadas num espírito sensato e animado. O pesar é entregue numa bandeja rítmica, alegre.

Ao misturar tais tormentos e inquietudes numa harmonia movimentada e num ritmo jovial, faz com que o ouvinte passe a disputar uma batalha entre ou servir-se do compasso aprazível ou ralar-se com tais sentimentos. As faixas restantes são mais verdadeiras para com o ouvinte por refletirem na profundidade certa tudo aquilo que se quer deixar claro.

“Wherever you are”, “Sometimes”, “The Evening” e “In the End” são as provas que vêm suportar a dissimulação de One Day At a Time. Sobrecarregadas por um compasso juvenil e animador aparecem de mãos dadas com letras expectantes, amarguradas e muito individuais. Já “Saving Grace”, “Heart Open” e “Everyone Changes” expõe mais afincadamente as realidades descritas e são aquelas que aparecem quando estamos menos à espera e menos preparados.

Para além desta façanha e do tema coletivo, o ouvinte não se afasta de o apreciar. No entanto, com os álbuns anteriores (Caming Up For Air e Politics of Living) a fasquia daquilo que esperamos ouvir de Kodaline é muito elevada. One Day At a Time não atinge as expectativas, mas também não fica muito a desejar porque insere algumas distinções no quotidiano artístico da banda e surpreende levemente.

Aquilo que insere o álbum na dinâmica de Kodaline é a necessidade de o ouvinte ter de não só ouvir para entender, mas de escutar atentamente. E, ainda, a imposição de escutar não só aquilo que é apresentado, mas o mistério por detrás da faixa e aquilo que se encontra por entre as linhas da música. O que caracteriza Kodaline mantem-se em One Day At a Time e, como tal, só nos resta agarrá-lo, adorá-lo e esperar por mais uma obra prima.