Os trabalhos, ajustados à nova realidade, tiveram influência de David Holzman’s Diary, Jonathan Pie e dos filmes de Jonas Mekas.

O projeto ‘Diários de Quarentena UMinho’, lançado esta segunda-feira, surgiu como uma experiência para que os alunos de Audiovisual  do curso de Ciências da Comunicação não ficassem prejudicados e conseguissem manter o ritmo de trabalho. Assim, após o encerramento dos campi da academia minhota por tempo indeterminado, a comunidade académica adaptou-se.

Com a quarentena e a declaração do Estado de Emergência imposta em Portugal, várias Unidades Curriculares viram-se obrigadas a alterar, não só o método de avaliação, mas também os trabalhos que eram feitos todos os anos. Em entrevista ao ComUM, Martin Dale, professor da UC de Linguagens e Narrativas Audiovisuais I, do segundo ano do curso de Ciências da Comunicação, explica as estratégias usadas para enfrentar os desafios do digital.

“Os alunos já tinham feito um primeiro trabalho prático, antes da quarentena. O segundo foi modificado para um trabalho, em forma de guião, complementado por um storyboard”, conta Martin Dale.

No caso de Ciências da Comunicação, foi evidente que a componente presencial era essencial, uma vez que os alunos não tinham acesso aos materiais necessários para a realização dos trabalhos. Sem grandes alternativas para o último trabalho, Martin Dale optou pelas filmagens “com equipamentos próprios, como câmaras DSLR ou com telemóveis”. Os alunos gostaram deste método e perceberam que era “uma opção viável”.

No desenvolvimento dos Diários de Quarentena, os alunos iam apresentando os progressos feitos nas aulas interativas “como os guiões, storyboards e os vídeo-diários”. Segundo o professor, o feedback dado pelos alunos foi bastante positivo, “deu a oportunidade de explorar capacidades audiovisuais, mesmo sem acesso aos equipamentos do ICS”, e permitiu também observar o que se passava noutros países, através de estudantes internacionais.

Apesar da área de Audiovisual ter sido a mais afetada, todas as outras tiveram que se adaptar à nova realidade. O docente da UC de Linguagens e Narrativas Audiovisuais I declara, ainda, que “a quarentena não é desejável para a experiência universitária, que deve ser presencial e em grupo, mas, nestas circunstâncias, foi a melhor opção disponível”.

Durante a quarentena, os alunos tiveram de se sujeitar às mudanças impostas, mas também Martin Dale teve de usar soluções nunca antes utilizadas. Foi o caso da plataforma das aulas, o Zoom,  softwares como Storyboarder e a nova experiência da produção de vídeo-diários. Contudo, o professor não sentiu que os alunos tenham saído prejudicados desta experiência, apesar de saber que a “situação não é ideal” e, de preferência, irrepetível.

O ano letivo de 2020/21 é ainda indefinido a vários níveis e os alunos questionam-se, cada vez mais, sobre como as aulas serão lecionadas. O professor afirma que “a vontade é assegurar que o ensino presencial seja utilizado, sobretudo para aulas práticas”, mas, em caso de necessidade, a experiência do projeto Diários de Quarentena UMinho poderá ser repetida.

Quanto aos Diários de Quarentena, o professor admite estar curioso com as reações do público face aos vídeos feitos pelos alunos, já que estes podem suscitar interesse, dada à nova realidade vivenciada durante o segundo semestre.

Entrevista: Cátia Barros