Já se perde a conta dos dias que os alunos da Universidade do Minho passaram em casa desde o fecho de portas dos campi. Num cenário nunca antes vivido, as atividades letivas passaram a decorrer em casa e, como era de esperar, a igualdade de ensino em regime presencial perdeu-se e muitos alunos viram o seu futuro em risco. Apesar disso, a academia minhota disponibilizou equipamentos e encontrou uma solução rápida no online, que obrigou muitos alunos a “desenrascarem-se” sozinhos.

O destino da avaliação ficou nas mãos das Unidades Orgânicas da UMinho e a forma como cada docente se adaptou foi diferente. Alguns docentes conseguiram que ninguém ficasse prejudicado, outros não conseguiram evitar que certos alunos ficassem para trás. Como costumo dizer, cada caso é um caso, mas assim que um aluno ficava para trás, não havia como trazê-lo de volta.

As decisões tomadas dependiam sempre da evolução da pandemia. Por muito grande que fosse o desejo de voltar à vida no campus, a prioridade era mantermo-nos seguros e conter o vírus. Por isso, as medidas adotadas no despacho de 5 de maio pela reitoria, que abriam a época especial e de melhoria de notas a todos os alunos, foram a melhor solução.

No entanto, não deixo de pensar nos cursos que são constituídos por uma componente prática que é tão ou mais importante que a teórica. É o caso dos alunos de Medicina, que viram os estágios dos 3º e 6º anos cancelados. É o caso de Enfermagem, onde foram adiadas Unidades Curriculares que decorriam em unidades de saúde. É o caso de Ciências da Comunicação, onde projetos finais tiveram de ser totalmente reformulados. É também o caso de muitos outros cursos, onde se reinventaram formas de avaliação e certas disciplinas.

Conseguiu achatar-se a curva do vírus e a percentagem de crescimento de casos de infeção baixou. Contudo, até surgir uma vacina ou um antiviral, vão sempre existir infetados e a possibilidade de contágios e este fator põe em risco um regresso total e normal ao regime presencial. Daí ser importante continuar a ser responsável, evitando sair para lugares movimentados e seguir as normas de segurança.

O ano letivo 2020/2021 aproxima-se e novas medidas do regresso ainda vão ser divulgadas e, com a experiência deste último semestre, a Universidade do Minho poderá chegar a diligências mais satisfatórias, para que a experiência dos novos alunos seja melhorada. Um dos aspetos não contemplados pela Universidade do Minho foi o da propina, que terá de ser considerada no próximo ano letivo, sendo que a UMinho é a instituição com mais beneficiários de bolsas de ação social no país, o que traduz as condições económicas dos estudantes minhotos.

O teto máximo da propina vai reduzir para 697€, sendo que o valor para alunos internacionais continua entre os 4.500€ e os 6.500€ e, com portas fechadas e serviços limitados, os alunos nacionais e internacionais não abrangidos pelas bolsas de ação social poderiam, por exemplo, ter a hipótese de requerer uma redução temporária do valor. Esta poderia ser uma medida capaz de prevenir um impacto negativo em muitas famílias, caso o ensino se mantenha, em grande parte, à distância no próximo ano.

De forma a tentar descobrir e refletir sobre as reformas necessárias no Ensino Superior, como o alojamento e o abandono escolar, esta sexta-feira foi anunciado o movimento “Académicas”, integrado pela Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM) e por outras seis associações de estudantes do país. Estes debates entre diferentes Associações que representam os alunos de diferentes universidades podem, por isso, dar alguns frutos e dar uma base de medidas a implementar.

De qualquer modo, existem reformas a implementar que são necessárias há muito tempo e a pandemia do novo coronavírus veio contribuir para esse debate. A forma como o ensino decorreu na Universidade do Minho foi a melhor encontrada até agora, mas não consigo deixar de pensar que se tratou mais de uma corrida autodidata do que uma aprendizagem contínua. De tudo o que nos acontece, retiramos algum ensinamento. Do ensino à distância retiramos que o ensino presencial é fundamental para uma boa aprendizagem.