Ricos de Amor: origens que enganam do início ao fim

Com o final das aulas a chegar, queremos deitar-nos no sofá e ver ricos filmes acerca de tudo e mais um pouco. Ricos de Amor é a comédia romântica mais aprazível neste tempo de pré-férias, fazendo referência ao nosso belo idioma e justiça ao magnífico talento do povo português. Foi realizado por Bruno Garotti e estreou a 30 de abril.

Ricos de Amor revela-nos a aventureira e luxuosa vida de Teto, mais conhecido como o Príncipe do Tomate, filho de um empresário riquíssimo que produz esse mesmo fruto. O jovem, que futuramente iria herdar a fábrica do pai, apaixona-se por Paula, uma jovem aspirante a médica, que procura incessantemente tornar-se independente. Com receio da sua reação em descobrir o seu estatuto social e, consequentemente, a sua condição financeira, Teto mente-lhe e diz-lhe ter origem humilde. No entanto, a sua mentira dura pouco tempo e gera desentendimentos e confusões desnecessárias.

Apostando num elenco jovem e talentoso, o realizador decide entregar os papéis principais a dois atores incríveis, um pouco desvalorizados e não tão conhecidos mundialmente. Giovanna Lancellotti e Danilo Mesquita são os escolhidos e a sua performance é brilhante, o que é inerente aos atores brasileiros, conhecidos pela sua dedicação e naturalidade com que atuam. Tanto talento acaba por ser banalizado devido à temática comum dos filmes de romance, que acabam sempre por ter o mesmo tema, não inovando o conteúdo e caindo um pouco no desinteresse, sendo previsível, ao longo do filme, o rumo que este irá levar.

A música é também um elemento que contribui para o bom entendimento da longa-metragem. De certo modo, esta permite ao espectador relaxar um pouco da tensão que se vai passando ao longo da narrativa. A listagem sonora é composta maioritariamente por sons do DJ Alok, sendo que a primeira música, “Table for 2”, cria um ambiente calmo, de paz e de inigualável beleza quanto aos grandes vales do Brasil. A segunda, “All the Lies”, faz transparecer momentos de lazer e entretenimento, tornando-se numa composição sonora que envolve o espetador no filme e o faz querer ser parte do elenco e da diversão.

Quanto à produção, nota-se um esforço em mostrar as lindas paisagens verdes e enormes do Brasil, que transpiram a fauna e a flora e as casas ricas e luxuosas da população mais endinheirada que vive e come bem. Porém, também se mostra a triste pobreza nas favelas, em que as pessoas não têm muito, mas divertem-se e apreciam o pouco que têm. Este fato traz à tona a dicotomia entre os pobres e os ricos, revelando-nos que os ricos nunca estão contentes com nada, querem sempre mais, ao contrário dos mais pobres que sabem dar valor ao que têm.

Ricos de Amor é então uma longa-metragem que nos emociona e elucida devido ao facto de abordar uma temática que vai além do amor. Abre-nos os olhos para vermos além de uma boa aparência física, de uma carteira recheada, fazermos por nós mesmos e merecermos cada simples coisa que temos.