A rede HERTECH tem como intenção consciencializar a comunidade e pretende minimizar as desigualdades de género em engenharia e tecnologia.

O projeto foi apresentado ao público esta quarta-feira, através de um direto no Facebook da rede. A esta apresentação juntou-se a realização do primeiro Podcast, “O teletrabalho dos géneros”. A divulgação desta iniciativa e o desenvolvimento do Podcast contou com a presença de duas fundadoras da HERTECH, Carolina Pereira, aluna de Engenharia Têxtil da UM e Filomena Soares, professora do Departamento de Eletrónica Industrial da Universidade.

A iniciativa surgiu no âmbito de um programa de mentorias organizado pela Portuguese Women in Tech, “que tem como principal objetivo atrair cada vez mais as mulheres para a área tecnológica e ver cada vez mais mulheres para papéis de liderança”, explica Carolina Pereira. A estudante de Engenharia Têxtil declara que se observou a existência de um número mais baixo de mulheres em certas áreas da engenharia e da tecnologia em comparação com o número de homens e assim tentam “fazer algo que traga impacto e complemente a Universidade do Minho”.

“O principal objetivo é quebrar o estigma que ainda existe acerca das mulheres na área da engenharia e tecnologia, através de atividades que sensibilizem a comunidade académica para esta questão.” Homogeneizar os géneros é também um dos objetivos. Este é conseguido “através do esclarecimento de dúvidas que os alunos do ensino secundário poderão ter sobre este tema, atraindo-os cada vez mais para estas duas vertentes”, esclarece a fundadora da rede. A HERTECH pretende “dinamizar momentos de partilha e conhecimento entre as três gerações da Escola de Engenharia da Universidade do Minho”, ou seja, alunas do ensino secundário, atuais alunas e ex-alunas”, acrescenta Carolina Pereira.

A rede surgiu para tentar “criar impacto dentro da comunidade académica e passar mensagem para um problema que realmente existe” indica Carolina Pereira. “Esperemos que através desta rede consigamos que as futuras engenheiras, ao irem para o mercado de trabalho, consigam sentir-se integradas da melhor forma possível”.

Segundo a estudante este programa vai trazer vários benefícios para a UM. “Somos a primeira rede feminina transversal a todas as engenharias, em todos os estágios do curso e a rede apresenta uma diversidade de respostas para um tema que é bastante atual”. Com este projeto pretendem desenhar “a Universidade do Minho como uma universidade conhecida pela sua homogeneidade nos géneros nas diversas vertentes da engenharia”.

O tema abordado “O teletrabalho dos géneros” surgiu na decorrência da aplicação de um questionário dentro da Escola de Engenharia sobre o comportamento entre géneros face à pandemia e para perceber as diferentes formas de agir dos diferentes géneros.

Na discussão moderada pela professora Filomena Soares, os intervenientes Romana Ibrahim, Victor Barros e Sónia Machado partilharam as suas perspetivas individuais sobre o teletrabalho e o início do estado de emergência em Portugal.

“É uma questão de consciencializar. Consciencializar que todas as áreas são para todos”, afirma o professor das universidades do Minho, São Paulo e Federal do Espírito Santo, relativamente ao facto de que as mulheres se retraem ao entrar para as áreas da engenharia e da tecnologia. “Tem de se desconstruir que a engenharia é uma coisa apenas para homens”, confessa o professor.

Romana Ibrahim acrescenta que a “questão da consciencialização é fundamental e que temos de insistir desde as idades mais novas, de uma forma constante, para que as meninas jovens entendam que são capazes de fazer aquilo que elas acharem e quiserem”. “A falta de mulheres modelos é uma das causas para que haja este paradigma e daí ser tão importante que as mulheres deem a cara e que mostrem que elas são engenheiras”, afirma a criadora da app Keep Warranty. Para além dos role models, a empresária explica que “a interajuda e entreajuda entre mulheres é fundamental”.

A aluna de engenharia de Polímeros, Sónia Machado, reconhece que como mulher teve algumas dúvidas quando ponderou em entrar em engenharia. “Portugal é ainda um país muito fechado e é essencial a partilha de informação e de modelos”.

A Rede está localizada no campus de Azurém, em Guimarães. A dinâmica da rede é apoiada por embaixadores, como núcleos e entidades da Escola de Engenharia, EPIC Júnior, e por parcerias como Portuguese Women in Tech, Girls in Tech.