A Um Deus Desconhecido é o primeiro álbum de estúdio dos Sétima Legião. A banda que viria a lançar “Por Quem Não Esqueci” ou “Sete Mares” dá-nos, com este álbum, “um cheirinho” dos feitos que se avizinhavam. Ao longo de 12 canções, o grupo mostra o porquê de, à data, ter sido considerado um dos mais prodigiosos.
O disco arranca em excelente tom, com “Glória” a ser uma das melhores músicas do álbum. Arranca devagar, ao som do baixo e, mais tarde, de um riff de guitarra. Depois de um build-up em que entram instrumentos como a bateria, entra a voz de Pedro Oliveira. Uma das vozes mais reconhecidas do Rock português, Pedro canta num tom monótono ao longo de toda a música. No entanto, o facto de a sua voz não alcançar notas extraordinárias não tira beleza às obras do grupo.
Segue-se “A Partida”. Esta música é um pouco diferente, por ser quase por inteiro um instrumental. No entanto, usando a gaita de foles, como tinham por hábito, a canção tem uma impactante sonoridade. A pouca voz que tem possui um poder igual ao que a banda nos habituou, sempre em tom grave. Esta não é, porém, a única música toda (ou quase toda) instrumental: “Mar d’Outubro” segue-lhe as passadas.
Num tom mais alegre e mexido, surge “Aguarela”. Uma música menos virada para a melancolia e tristeza e mais para a felicidade e o amor. Com riffs de guitarra dentro do género normal da banda, é mais uma música que cativa neste disco. A letra fala num homem que parece confuso e atarantado, mas que nunca se esquece do seu passado.
“Porta do Sol” é mais uma balada do álbum. Num ritmo bastante mais lento e diferente das outras canções, tem uma sonoridade única. É a mais melancólica e calma de todas as músicas, com, por exemplo, sintetizadores a tomar um lugar fulcral na melodia. O próprio beat é distinto, com uma postura mais lenta e maior swing, sem o poder da bateria normal.
O disco fecha com mais dois instrumentais: “Pois Que Deus Assim O Quis” e “Anos Depois”. A primeira assume-se como um épico, com muita influência sonora da gaita de foles e da bateria. É uma música de quase cinco minutos e intensa em todos os segundos. Parece retirada do filme Braveheart.
A acabar o álbum, “Anos Depois” é o oposto da música que a precede. Também é um instrumental, mas todo ele construído apenas com o som de um piano. Pode-se considerar mais uma balada do disco.
Para um álbum de estreia, era difícil pedir mais do que isto. Um excelente disco, que preparava todo o país para o sucesso futuro dos Sétima Legião – um dos maiores nomes do Rock nacional.
Artista: Sétima Legião
Álbum: A Um Deus Desconhecido
Editora: EMI
Data de lançamento: 1984