A aplicação ganhou o primeiro prémio do “Transforma Ti”, em Valongo, destinado a valorizar aplicações tecnológicas que resolvam problemas sociais.

A Universidade do Minho criou uma aplicação que se propõe mudar a mentalidade dos jovens nas questões da ciberagressão, desenvolvendo e fomentando o hábito de denúncia e retirando-lhes o vício da divulgação nas redes sociais. Em declarações à Lusa, Maria Vale, aluna de doutoramento na Unidade de Investigação, Vitimologia e Sistema de Justiça da Escola de Psicologia da UMinho, explicou que o objetivo é aproveitar as vantagens das tecnologias “para combater a violência experienciada nas tecnologias”.

A responsável destacou que “os adolescentes são os utilizadores mais ativos das tecnologias, e, portanto, os mais vulneráveis à ciberagressão”. Tal deve-se às “suas caraterísticas e necessidades de desenvolvimento”.

Maria Vale advertiu também que “grande parte dos adolescentes são vítimas e agressores, mas muito deles são, também, observadores passivos destes comportamentos, nomeadamente quando exibem desacatos nas redes sociais”. E acrescentou: “Mais de 60% dos estudantes portugueses estão envolvidos em ciberagressão, tanto como vítimas como agressores”.

Assegurou ainda que a #CiberAmigo vai ser uma ferramenta acessível que “fala a linguagem dos jovens” e que “está adaptada ao vocabulário digital atual”. Com estas conclusões, a aplicação foi desenvolvida para chegar a todo o tipo de escolas e ensinos, professores e psicólogos.

A aplicação integra três funcionalidades. O “Informa-te” explica o que é a ciberagressão e como funcionam as suas dinâmicas. O “Desconstrói-te” aborda factos e fake news, e procura desconstruir mitos que estão a legitimar os comportamentos. Por fim, o “Ajuda-te” permite aos adolescentes pedir ajuda e denunciar comportamentos, garantindo-lhes respostas adequadas e eficientes, esclareceu Maria Vale.

Para além do cyberbullying, a iniciativa pretende abordar temas como o ciberabuso nas relações íntimas e de namoro e o ciberstalking.

A chegada às escolas, segundo previsões da investigadora, “não deve acontecer antes do início do ano letivo 2021/2022”. Está também por decidir “se vai ser comercializada à Direção-Geral de Educação”. Neste momento, estão a ser feitos testes pilotos.