A 27 de junho chegou à Netflix a terceira e última temporada de Dark. Após duas brilhantemente executadas temporadas da sombria narrativa, é nos apresentado o culminar dos eventos com o formato penetrante que já era habitual. Desta forma, o público é deixado com o sabor agridoce na boca pelo término de uma produção tão bem executada.

A terceira temporada começa segundos após o final da segunda, quando Martha Nielsen (Lisa Vicari) é morta minutos antes do apocalipse da timeline principal, em 2019. Este acontecimento leva à abertura de uma realidade paralela na mesma linha temporal, criando o mundo alternativo. Nessa realidade, os protagonistas trocam de papéis e as suas relações estão invertidas, conferindo-lhes perspetivas diferentes, o que permite um avanço da narrativa.

Dark

Apesar de parecer confusa e desordenada, a produção da série criou um argumento e um conjunto de personagens que estabelecem uma relação de empatia com o público, o que faz com que este não seja “enterrado” na quantidade de questões existenciais levantadas ao longo da história. Dark trabalha, assim, toda a sua narrativa à volta de linhas temporais e viagens no tempo, permitindo que certas personagens interajam com as suas versões de outras épocas. É essa interação direta que levanta, ao longo da temporada, questões como o livre arbítrio e a sobreposição do instinto de sobrevivência a qualquer outro valor.

A nível técnico, a série consegue, de forma sólida, manter a qualidade ao longo da terceira temporada, feito pouco comum em originais da Netflix. O clima sombrio e melancólico, carregado pelo peso existencial, é transmitido através da atmosfera criada cinematograficamente. A sensação de “ar pesado” é transmitida de forma excelente através do ecrã, o que deixa o público em êxtase e inquieto do início ao fim do trabalho.

Dark

Como nas anteriores temporadas, a banda sonora completa na perfeição o ambiente pretendido, mantendo-se num registo mais grave e profundo, com temas que não deixam o espectador indiferente. São de salientar “Broken Sleep”, de Agnes Obel, “Industry”, de Mira Kay, e “Me and the Devil”, de Soap&Skin.

Como último capítulo de uma narrativa, esta temporada foi capaz de atar todos os nós criados pelas viagens no tempo e relações familiares complexas. Assim, ainda que necessária uma dose grande de atenção para “apanhar” todos os pormenores, é dada ao público uma conclusão sólida e satisfatória. É este aspecto que realmente destaca a qualidade de uma série tão complexa como Dark que, claramente, foi escrita previamente e não ao longo do caminho, permitindo um impacto final tão bom.