O livro conta com nove capítulos e agrupa um conjunto de reflexões sobre o cientista, o trabalho que desenvolveu, e o legado que deixou na ciência.

Alan Turing: cientista universal “melhora o conhecimento de uma figura essencial e pioneira, para aquilo que é a nossa sociedade de hoje”, afirmou Eloy Rodriguez, representante da UMinho Editora. O livro foi apresentado ao público esta terça-feira pelos respetivos autores, no âmbito da Feira do Livro de Braga, via videoconferência. A elaboração da obra contou com a contribuição de três professores da Universidade do Minho: José Espírito Santo, José António Alves e José Manuel Valença.

“O projeto demorou alguns anos a ser concretizado, mas a obra não perdeu pela demora na concretização”, explicou José Espírito Santo, moderador da apresentação. O livro já estava a ser pensado desde 2012, quando se celebrou o centenário do nascimento de Alan Turing. O docente da Escola de Ciências da UMinho esteve encarregue da coordenação da obra.

“Turing foi um matemático inglês, que desenvolveu o seu trabalho principal nos anos 30 ao definir as máquinas Turing.” Desenvolveu uma definição ligada a uma realização física, ou seja, ligada a “um autónomo finito que pode escrever, ler e mudar de estado e que corresponde aos nossos atuais computadores”, esclareceu Luís Pereira, docente na Universidade Nova de Lisboa. Alan Turing foi muito influente na comunidade científica ao participar “na realização do primeiro computador físico” e ainda mostrou ser possível “a construção de uma máquina Turing universal”.

Por sua vez, José Manuel Valença explorou o papel do matemático na ajuda do governo britânico na Segunda Guerra Mundial. Durante a Segunda Guerra, “Turing teve um papel importante no sentido de levar a ciência matemática pura para um artefacto da engenharia”, declarou o professor da Universidade do Minho.  O papel que o cientista teve na criptografia revela-se na sua resposta à questão “o que é ser aleatório?”, que está na base das definições de segurança.

Fernando Ferreira, da Universidade de Lisboa, abordou o contexto de investigação e lógica em que o trabalho do cientista começou e explorou o significado de máquina universal. “O trabalho de Turing surgiu para dar resposta a fundamentos de matemática”. O professor relacionou ainda a descoberta do artigo criado pelo matemático com a filosofia aplicada. “Turing tenta perceber como é que o processo computacional se desenrola na mente humana e tenta vertê-lo para o papel”.

O livro “é uma homenagem muito justa e muito oportuna” ao matemático, declarou Olga Pombo, da Universidade de Lisboa. “Partilho uma grande admiração pela figura de Turing”, “é uma figura completamente incontornável que haveria de ser ainda mais elogiada”. No entanto, acrescenta que “se é justo uma homenagem a Turing também é justo uma homenagem àqueles que o precederam”.

Os artigos de Alan Turing foram importantes para a filosofia da mente. Sofia Miguens afirmou que os textos do matemático são “um exercício de pensamento sobre o pensamento e um texto para o qual se pode olhar repetidamente e para todos os lados”. “O teste de Turing permite-nos pensar como é que a inteligência se relaciona com o comportamento, a consciência, linguagem e, ainda, o que é que temos de pensar acerca dos aspetos intersubjetivos da inteligência e da inteligência como agência”, desenvolve a professora da Universidade do Porto.

Já Pedro Quaresma, docente na Universidade de Coimbra, abordou o efeito do aparecimento e utilização dos computadores na geometria, que é desenvolvido no seu capítulo do livro. “A máquina de Turing fez a passagem da régua e do compasso para todo um sistema computacional da geometria dinâmica, da demostração da geometria e da descoberta e classificação das demostrações em termos da máquina”.

A obra já está disponível digitalmente em https://ebooks.uminho.pt/index.php/uminho/catalog/book/5.