Um dos grupos Pop mais conhecidos no mundo rendeu-se ao Reggaeton. Em Translation, os The Black Eyed Peas aplicaram a magia de fabricar hits ao género latino com a ajuda de grandes nomes que o representam. Apresentado a 19 de junho, torna-se ideal para ouvir nos dias de calor.

Começa logo a animação com “Ritmo (Bad Boys For Life)”, da banda sonora do filme “Bad Boys Para Sempre”. É uma grande mistura dos estilos Hip Hop, EDM e Reggaeton, daí a participação do conhecido J Balvin. Conta com partes da música mundialmente famosa “The Rhythm of The Night” da banda italiana Corona. Assim como o nome revela, esta faixa está repleta de ritmos diferentes, sendo difícil não balançar a cabeça.

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Quem fala em Reggaeton fala em dança e festas e “Feel The Beat”, uma colaboração com Maluma, outro gigante do estilo, encaixa exatamente nesse tipo de música. A letra não é o aspeto mais desenvolvido, daí o ritmo e as batidas sobressaírem.

Uma das melhores faixas é “Mamacita”. Junta novamente o estilo latino ao EDM, mas de uma forma muito subtil. É uma espécie de conversa entre Ozuna, um outro artista do género, e J. Rey Soul, o novo membro feminino do grupo. O tema é a atração física e a palavra “mamacita”, muitas vezes usada como forma de tratamento para alguém de quem gostamos.

Até Shakira se juntou à festa em “Girl Like Me”. É introduzida a onda Afro, um ritmo diferente ao que se tem ouvido. Aqui, will.i.am, Taboo e apl.de.ap mostram sentir-se atraídos por mulheres latinas. Com a ajuda da Shakira, esta música poderia estar noutro patamar, contudo, a oportunidade de brilhar foi desperdiçada na forma como a cantora surge na faixa.

Um dos nomes que pôs o Reggaeton no mapa foi Nicky Jam, por isso não podia faltar neste álbum. “Vida Loca” conta ainda com a participação de Tyga. É uma verdadeira viagem ao passado, com as muitas referências a músicas antigas: “Livin’ La Vida Loca” de Ricky Martin, “Fergalicious” de Fergie e “Can’t Touch This” de MC Hammer. Cantam todos alguma parte em espanhol sobre a liberdade para se divertir.

Entra-se agora numa fase de Translation em que as faixas foram perdendo qualidade. “No Mañana” é uma colaboração com El Alfa novamente sobre festa e bebidas. “Tonta Love” é totalmente cantada por J. Rey Soul, no entanto é muito monótona. Por último, “Celebrate” e “Todo Bueno” abordam sem novidade a boa vida e as noites intermináveis de uma forma muito semelhante, daí não marcarem uma posição forte no conjunto.

É a vez de um nome feminino do gênero musical predominante do projeto ter a sua parte. “Duro Hard” é acompanhado por Becky G. A produção musical carrega a complexidade da faixa. Contém partes com uns efeitos robóticos na voz da cantora que contribuem para que seja um estilo de Reggaeton diferente.

“Mabuti” significa “está tudo bem” nas Filipinas e é o tema principal da 11ª faixa. São misturadas na música origens filipinas incorporando assim as origens de apl.de.ap num estilo de música tipicamente latino. A participação de French Montana é bastante curta e não fica na memória.

“Get Loose Now” é uma música bastante diferente, mas interessante. Isto porque são repetidas sempre as mesmas expressões, acompanhadas por diferentes instrumentos, incluindo a guitarra acústica.

Para além das que já referi, existem ainda músicas que não estiveram à altura das restantes. “I Woke Up” traz um tema pouco relevante que não é levado com coerência. “Action” é muito pouco original, daí parecer mais uma faixa para preencher o álbum.

Completamente diferente do ouvido até agora surge, por último, “News Today”. Retrata os eventos recentes da pandemia do coronavírus, o aquecimento global, e o assassinato de George Floyd. Ao ver isto, o grupo pergunta-se como é que o mundo chegou ao ponto em que está. É uma boa música para recordar esta fase muito negra, que parece não ter fim.

O oitavo álbum dos The Black Eyed Peas é constituído por 15 faixas. Com este número, é de esperar que algumas fiquem para trás. Contudo, o projeto dedicado ao Reggaeton contribui definitivamente para uma maior afirmação do género no mundo. Esta opção pode ter surgido para distrair as pessoas da realidade, fazendo-as lembrar dos tempos em que a diversão era garantida.