O projeto foi impulsionado pela Associação Europeia de Controlo de Qualidade de Pontes e Estruturas (EuroStruct), atualmente presidida por José Campos e Matos.

José Campos e Matos, investigador da Escola de Engenharia da Universidade do Minho, é o coordenador do estudo mundial que tem como objetivo analisar as repercussões que a pandemia causa na gestão de infraestruturas críticas, como sistemas hospitalares, financeiros, de telecomunicações e transportes. “Estávamos e estamos a viver um período único da nossa história e podemos daqui tirar várias lições para o futuro”, declara o presidente da EuroStruct em entrevista ao ComUM.

Nas conclusões prévias, José Campos e Matos afirma que infraestruturas críticas como as financeiras, de transporte e gás ou de águas não sofreram com pandemia. Realça que infraestruturas ligadas à saúde, às telecomunicações, energia e recolha de resíduos tiveram de se reinventar, dada a sua importância para o combate ao coronavírus.

Porém, as realidades diferem entre os países, devido às curvas pandémicas e às verbas disponibilizadas. Assim, o coordenador do estudo afirma que se trata “de um estudo dinâmico. A pandemia ainda não terminou e todos dias recebemos respostas de todo mundo”. Neste sentido, José Campos e Matos reitera que o relatório que vai ser publicado “será continuamente atualizado e novas conclusões serão retiradas”.

No que diz respeito a Portugal, o investigador da Escola de Engenharia confessa que o país “está num bom nível”. Destaca a capacidade de resposta das infraestruturas do sistema de saúde, muito por decisão atempada de alguns autarcas no investimento em tecnologia de controlo, rastreio e tratamento, bem como de hospitais temporários que permitiram a realocação de pacientes não Covid-19. Campos e Matos aponta também para os setores de comunicações e energia, que se viram sobrecarregados, mas que rapidamente se reergueram.

Todavia, neste momento é possível observar uma falha grave na gestão das infraestruturas de saúde na região de Lisboa e Vale do Tejo, pois não se criaram hospitais temporários na região. José Campos e Matos conclui ainda que “houve, depois, alguns pequenos apontamentos a registar, como quebras pontuais na comunicação e o não aproveitamento do período” da Covid-19 para se “desenvolverem algumas obras de manutenção que já seriam expectáveis”.

Este estudo, tal como “todos os estudos internacionais posicionam a UMinho num patamar elevado e conferem-lhe reconhecimento”, acrescenta o presidente da Associação Europeia de Controlo de Qualidade de Pontes e Estruturas. Campos e Matos declara que “desta análise que está a ser realizada irão sair novas linhas de investigação e todos se irão lembrar desta iniciativa, bem como das instituições que as suportaram, a UMinho e a EuroStruct”.

Os resultados obtidos desde estudo estão neste momento a ser processados e serão brevemente publicados e disponibilizados online.