Fundado em 2004, o grupo bracarense Trio Pagú tenta misturar um pouco da música brasileira com algumas influências europeias. O grupo formado por Alex Liberalli, Budda e Nico Guedes lançou, em plena pandemia, o single “Saber Parar” e espera disponibilizar um novo álbum em breve. Em entrevista ao ComUM, Alex Liberalli, um dos elementos do grupo, falou acerca da nova música e abordou questões como a situação da cultura em Portugal face à pandemia.

 ComUM – Como surgiu a vossa ideia de começar uma banda?

Alex Liberalli – O Trio Pagú nasceu em 2004, quase só para “curtir” e, como o Nico e o Budda tinham outros projetos, não fomos trabalhando a banda como devia ser. Agora sim, nos últimos três anos começámos a evoluir e, em 2018, lançámos o primeiro disco de originais. Antes disso, já tínhamos lançado dois discos só com versões de Bossa Nova e MPB, no total já temos três trabalhos.

 ComUM –  Porquê o nome Trio Pagú?

AL – Eu lembro-me que no início da banda existia uma música da Rita Lee, cantada pela Maria Rita, que se chamava Pagú. Pouco depois, soube que Pagú era uma jornalista revolucionária e o nome surgiu daí.

Trio Pagú_Alex Liberalli

Fotografia: Tiago Xavier

 ComUM –  Quais as maiores inspirações para a música da banda?

AL – Indiscutivelmente, a Maria Rita. Ficámos muito vidrados no primeiro álbum dela, sendo que a música do Caetano Veloso também é muito ouvida por nós. Neste momento, o Nico e o Budda também estão num projeto chamado Budda Power Blues, o que explica algumas influências dos Blues. O facto de eles serem portugueses e eu brasileira torna a sonoridade do Trio Pagú muito própria.

 ComUM –  Já tocam juntos há mais de 20 anos. Qual é o segredo para o sucesso?

 AL – O segredo é o respeito. Acho que temos de saber respeitar cada um de nós e aceitar as diferenças. Considero uma banda como um casamento onde temos o namoro, o casamento, o divórcio e o pós-divórcio.

 ComUM –  É inevitável não falar na pandemia e no impacto que teve na cultura. Como é que vocês lidaram com a Covid-19?

 ALA tristeza paira no mundo. O nosso novo single “Saber Parar” veio muito deste período, porque é muito difícil todo o mundo parar. A pandemia para nós foi positiva, trabalhámos muito por via virtual, apesar de não ganharmos qualquer dinheiro. Hoje em dia queremos ser felizes e o que importa é comer e poder pagar o aluguer, com muita saúde.

 ComUM –  Que medidas acham que o governo português pode adotar para ajudar a cultura?

 AL – É uma pergunta difícil. Muitos artistas trabalham por conta própria e não têm qualquer regalia. Acho que o governo deveria arrumar um armário e limpar todas as regras e fazer algumas novas, senão muita gente vai passar mal. O governo deveria repensar o que fazer com um artista, porque a cultura é isso, é um sonho onde as pessoas se sentem bem por alguns momentos. Concluindo, deve-se respeitar o artista.

Trio Pagú_Alex Liberalli

Fotografia: Trio Pagú/Facebook

 ComUM –  Em plena pandemia, lançaram uma música. Como foi o lançamento de “Saber Parar”? Foi diferente dos últimos trabalhos?

 AL – Foi diferente porque gravámos tudo em casa. Também foi muito bom porque convidámos um artista, o Luca Argel, que mora no Porto. Nós falámos com ele, e é a grande surpresa do nosso single. Em termos de criação, foi natural, porque uma parte da letra já estava feita antes da pandemia. Esta música fala em saber querer parar, que já era um problema antes. Tenho a certeza que muita gente se vai rever nesta letra.

 ComUM –  O último álbum “AMAR” saiu em 2018. O que podemos esperar dos próximos trabalhos do Trio Pagú? Algum para álbum vai sair em breve?

 AL – Há coisas planeadas para 2020. O segundo single deve sair em 2021, e o álbum também deve sair para o ano.

 ComUM –  No dia 15 de agosto vão estar presentes num concerto no Parque da Ponte. Como é tocar em “casa”?

 AL – Tocamos muito pouco em Braga. A última vez que fizemos um concerto cá foi em 2018, no festival do Brasil. É sempre delicioso porque vai muita gente que conhecemos e comemos nos locais onde estamos habituados a ir, resumindo, é perfeito estar em casa.