The Newsroom estreou em 2012, na HBO. A série apresenta três temporadas que abordam convenientemente a vida profissional de um conjunto de jornalistas. Atualmente, The Newsroom oferece uma vasta gama de ferramentas pedagógicas e abordagens peculiares que fazem pensar.

No universo das séries televisivas, há uma panóplia de enredos que orbitam à volta das vidas de profissionais de várias áreas. Contudo, enquanto algumas profissões saturam o campo com inúmeras séries que dramatizam e romantizam médicos, agentes da autoridade e advogados, algumas profissões, como a de jornalista, são menos frequentemente representadas. Mas se algum peso teve o fator de novidade por não ser algo que se veja todos os dias, muito mais peso tem a forma cuidada como a escrita de Aaron Sorkin reflete uma pesquisa meticulosa aliada a uma imensa fertilidade criativa.

Começamos por acompanhar um processo radical de mudança editorial no telejornal News Night, da fictícia ACN. Embriagado numa quixótica “missão civilizante”, Charlie Skinner, representado pelo brilhante Sam Waterston, decide contratar MacKenzie McHale, desempregada depois de vários anos a trabalhar no estrangeiro, para ser a nova produtora executiva de News Night. Rapidamente percebemos que “algo de errado não está certo” quando Will McAvoy, pivô do programa noturno, fica claramente agitado e usa o seu poder de negociação para a obrigar a assinar um contrato que lhe permite despedi-la ao fim de cada semana se não estiver satisfeito com os resultados da recém-contratada produtora.

O seguimento desta introdução atribulada é o florescer progressivo, mas com a turbulência típica do trabalho jornalístico, de uma redação cada vez mais empenhada no seu compromisso com a integridade jornalística. Existe, contudo, uma batalha constante no campo de xadrez autêntico que são os interesses económicos externos, a difícil escolha entre velocidade e precisão jornalística, as tramas amorosas no local de trabalho e inúmeras outras intrigas.

O que torna a série tão fascinante é a sua abordagem peculiar dos tópicos políticos, sociais e económicos. Vemos da parte de Sorkin e da restante equipa guionista uma verdadeira e quase didática paixão por abordagens complexas e multifacetadas às mais diversas problemáticas. The Newsroom permite ao espectador puxar pela cabeça para formar opiniões, entender dilemas deontológicos, característicos do ambiente jornalístico. E, acima de tudo, perceber a ambiguidade de discursos, opiniões e situações que, quando vistas de fora, parecem muito mais polarizadas do que realmente são.

A maneira como problemáticas muito reais são integradas na componente fictícia das personagens e da redação requer uma arte que poucas séries têm. A oportunidade de assistir a uma série que estimula o cérebro simultaneamente na sua componente intelectual e racional bem como a socioafetiva e emocional faz de The Newsroom uma experiência enriquecedora para quem decidir dar-lhe uma oportunidade. Nos tempos que correm, é também uma excelente ferramenta pedagógica para iniciar reflexões e eventuais debates sobre a abrangente quantidade de temas que giram à volta do jornalismo, bem como acerca do próprio.