A pandemia de Covid-19 ameaça o aumento das candidaturas às cerca de 3.500 vagas para estudantes estrangeiros.

No ano de 2019, cerca de 58 mil estudantes estrangeiros, dos quais 416 emigrantes ou descendentes, deixaram nas instituições nacionais de ensino superior cerca de 20 milhões de euros. O secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior afirmou à Lusa que este ano é “uma incógnita” graças à Covid-19.

João Sobrinho Teixeira revelou que “o número de pedidos de vistos pedidos para a primeira leva – que terminou em final de maio – é 52% superior ao número de vistos pedidos em igual período no ano passado.” Garantiu que “há uma série de disposições [relacionadas com o processo de candidaturas e o funcionamento do ensino superior no próximo ano letivo] que estão a ser previstas, mas neste momento é uma incógnita a nível mundial como irá evoluir a pandemia”.

Para o secretário de Estado, a “atratividade” do ensino superior português tem vindo a crescer com sustentação. Em 2019, o número de estudantes estrangeiros em Portugal aumentou 34% e em 2018 aumentou 28%. “Estamos a falar de números já com muita expressão da capacidade de captação das instituições de ensino superior portuguesas”. No entanto, a Covid-19 ameaça a evolução deste desempenho no próximo ano letivo.

O que acontecer será o resultado da junção do que se passar em Portugal e nos países de origem dos estudantes estrangeiros. Sobrinho Teixeira acrescentou que “desde logo, a evolução nesses países afetará as condições económicas desses estudantes para poderem vir”. Depois, é preciso “tomar em consideração a evolução da pandemia em Portugal e em que medida essa evolução permite assegurar condições de confiança”.

Mesmo assim, o registo é muito baixo: 11,5% (416) do total das vagas estão destinadas aos emigrantes ou seus descendentes – 3.599 (7%) das mais de 51 mil vagas abertas no âmbito do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior 2020, que decorre até dia 23 de agosto. O secretário de Estado sublinhou que “o número de estudantes emigrantes que vieram estudar para Portugal é muito baixo”. Contudo, “é bom que esteja a aumentar a um ritmo de 50% a 60% ao ano”. O governante lembra que há dois anos já se tinha registado uma subida de 44%. Garante que “o caminho que está a ser feito é bom”.

O secretário de Estado adiantou que o Governo está a preparar o Ensino Superior para que inicie a partir de meados de setembro. Apenas o primeiro ano que, devido aos exames nacionais de acesso, ficou mais atrasado começará no final de setembro. João Sobrinho Teixeira salientou ainda que a atividade “será presencial, a não ser que existam surtos locais que façam com que uma determinada instituição de ensino superior em determinado período porventura não funcione”.