Depois da paragem abrupta há cinco meses, a retoma faz-se passo a passo.

A Companhia de Teatro de Braga (CTB) anunciou esta semana o regresso à atividade. Os espetáculos internacionais começam em setembro com as peças “A Criatura” e “SPETTRI”, em articulação com o teatro italiano Akròama – Teatro Stábile di Innovazione e Ricercadella Sardegna.

Após a paragem abrupta em março, a retoma está a ser feita “passo a passo” e “sob a contingência do vírus” para a CTB, segundo a nota enviada às redações. Durante o decorrer do mês de agosto, a companhia manteve o projeto Oficina de Leituras Encenadas, dirigida por Phillipe Leroux. A atividade visa comemorar os 100 anos do dramaturgo português Bernardo Santareno e está inserida no projeto Bragacult.

Em julho, vários espetáculos deram vida ao palco da companhia, com especial destaque para “As Troianas”. Embora “com uma entusiasmante adesão dos públicos”, a companhia sublinha a “frágil situação em que sobrevive o sector, fruto deste e de muitos outros vírus que, infelizmente, não atingem apenas a criação artística e a atividade cultural no seu geral, mas largas camadas da população”.

“A pandemia não é a única responsável [pela fragilidade das circunstâncias do setor cultural]”, adianta o diretor da CTB, Rui Madeira, em declarações ao ComUM. Em analogia, explica que “a pandemia é o resultado de uma análise clínica em que se percebe que o doente sofre de um problema completo e está quase a ir para a mesa de operações”, contudo, “não pode ir porque há uma pandemia”.

Na raiz do problema está o próprio “estado endémico do país a nível da cultura”, afirma. Para o dirigente, Portugal é “um país periférico na Europa, em termos culturais” e “não ajuda os trabalhadores nem lhes atribui estatuto profissional”. Para além disso, Rui Madeira afirma que o país, “não só o governo, mas num todo, ignora a cultura como um vetor fundamental e estruturante”.

Em setembro, a CTB estreia novas peças que surgem a propósito do projeto de parceria e criação IBSEN (fronteiras da Conjugalidade), com o Akròama. Nos dias 2, 3, e 4, pelas 21h30, a adaptação da peça “Quando nós os Mortos Despertarmos” pisa o palco do Theatro Circo sob a forma de “A Criatura”. A direção é de Lelio Lécis, dirigente de Akròama, e o elenco é da casa bracarense.

Também SPETTRI receberá a luz do holofote, sob direção de Rui Madeira e com o elenco do espaço italiano, entre os dias 23 e 25, pelas 21h30. Depois, os espetáculos seguem para Itália, numa apresentação agendada para novembro. Todos os detalhes estão disponíveis no portal da CTB.

A CTB apela “para a importância dos públicos nos espetáculos” e “não apenas por um ato de solidariedade do momento”. “Sobretudo, porque a Arte e a Criação Artística e a sua consequente fruição é e será um vetor central para o nosso devir enquanto Comunidade”, refere Rui Madeira.