Sindicato dos Enfermeiros Portugueses encheu a entrada do Hospital de Braga com 168 balões. O número representa a quantidade de enfermeiros que se encontram a receber menos 141 euros do valor previsto por lei.
De acordo com o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), o protesto desta sexta-feira deveu-se à exploração salarial sentida pelos profissionais do Hospital de Braga. O dirigente do sindicato, Nelson Pinto, explicou à Lusa que estão em causa 168 enfermeiros que se encontram a receber 1.060 euros dos 1.201 “previstos na lei”.
Nelson Pinto esclareceu que se trata dos enfermeiros que “já estavam no hospital no tempo da PPP (parceria público-privada)”. Acrescentou que, após a gestão do hospital passar para a esfera pública, “aqueles enfermeiros continuam a receber o mesmo salário.” Sendo que, “os que entraram de novo começaram logo a ganhar mais do que eles, é uma situação inadmissível”, referiu.
O SEP garante que, no período anterior à transição, alertou a administração do hospital e o Ministério da Saúde para a obrigatoriedade de, logo em setembro, decorrer o processo de adesão aos instrumentos de regulamentação coletiva do trabalho. Desta forma, seria garantido que os enfermeiros contratados pelo Grupo Mello, com um salário de 1.060 euros, passassem para os 1.201 euros. “A verdade é que já passaram 11 meses e nada”, referiu Nelson Pinto.
De acordo com o dirigente, o conselho de administração do hospital culpabiliza os ministérios da Saúde e das Finanças. “O hospital diz que fez tudo para regularizar a situação e passou a bola para a tutela. Entretanto, os enfermeiros continuam a ser prejudicados”, afirmou.
Contactado pela Lusa, o conselho afirmou que “tudo tem sido feito” para a resolução dos processos de adesão aos acordos coletivos de trabalho (ACT). Tal inclui as atualizações salariais e uniformização da carga horária semanal, que se encontram em curso.
“O conselho de administração assumirá sempre os seus compromissos no exercício das suas funções, continuando empenhado na resolução de todas as questões que envolvam os trabalhadores deste hospital”, acrescentou.
O hospital acrescentou ainda que “assumiu, desde o primeiro momento, numa posição de total dedicação e transparência, o assunto relativo ao processo de adesão aos acordos coletivos de trabalho dos seus trabalhadores como uma matéria profissional de inquestionável relevância”.
Para além das acusações feitas, o SEP denunciou que existem enfermeiros no Hospital de Braga “horários ilegais” de 12 horas e meia consecutivas. Por sua vez, o hospital garante que os profissionais comprem esses horários “por vontade própria”.