Mistérios por Resolver regressou no dia 1 de julho e vem dar vida a casos verídicos de desaparecimentos misteriosos, homicídios chocantes e encontros paranormais. Os produtores Terry Dunn Meurer, John Cosgrove Josh Barry, Shawn Levy e Robert Wise decidiram renovar a série criada em 1987 e que parou em 2010.
O documentário, ao longo de 6 episódios, consegue envolver-nos definitivamente nas histórias das vítimas. Tal é concretizado com as reconstituições dos casos que, pelo seu forte realismo, fazem-nos sentir o medo, a ansiedade, o nervosismo ou o desespero das pessoas em causa. Isto, também é possível, através do som que foi muito bem trabalhado na pós-produção, incluindo as músicas e o seu efeito dramático.
Os seis episódios alternam e diferenciam-se ao nível dos casos e mistérios que abordam, mas também ao nível da investigação que a produção dedicou à realização de cada um. Com o primeiro episódio temos um primeiro impacto gratificante, que acaba naturalmente por aumentar as expectativas para aquilo que são os mistérios seguintes. Neste relata-se um caso internacionalmente conhecido, o de Rey Rivera e são-nos apresentadas várias teorias aliciantes para a resolução deste mistério. A forte exibição de hipóteses, posições e teses deve-se ao incrível contacto estabelecido, pelos produtores, com os detetives, a família, amigos e até jornalistas envolvidos no incidente.
Quando passamos para o segundo, temos o desaparecimento de uma mulher, Patrice Endress. Aqui já não temos muito mais do que suposições. Nenhum polícia ou investigador expôs nenhuma teoria nem probabilidade. Isto leva o espectador a desejar uma investigação mais aprofundada, por parte da própria equipa, de modo a que estes pudessem retratar o acontecimento da forma mais fiel. Isto é, não digo que a equipa deveria resolver e apresentar o caso ao seu ínfimo, mas pelo menos deveria limar certos pormenores, que não são claros, ao longo do episódio.
Nos episódios seguintes, temos um caso internacional e um já conhecido do público e, ao contrário dos anteriores, estes apresentam-se mais interessantes. No terceiro, o caso internacional, temos o mistério da casa do terror em França. No entanto, não considero que, neste caso, seja um mistério por resolver, mas sim um caso por fechar. Isto porque o principal suspeito fugiu e enganou as autoridades. O título do quarto episódio adiantou de mão o que ia acontecer, ao contrário dos anteriores. Isso diminuiu logo a curiosidade sobre o caso de Alonzo Brooks, mas não impediu o espectador de ficar bastante intrigado sobre o que realmente aconteceu, concretizando assim o objetivo da série documental.
Já no quinto episódio, o tema muda por completo. Já não falamos de crimes por resolver, mas é dado sim um sentido literal à palavra “mistério”. Este trata um avistamento de aliens/OVNI, algo que normalmente é surreal, mas que, no entanto, aconteceu a várias pessoas em diferentes locais. Os relatos apresentados são deveras surpreendentes.
A série termina em grande. O último episódio aborda o caso do desaparecimento de Gary e Lena que não só está por resolver, como há desenvolvimentos ao longo do documentário que podemos assistir em primeira mão.
Em suma, os episódios deveriam ter sido apresentados por ordem cronológica em vez de andarem a saltar uns anos para a frente e depois para trás. Nota-se, também, que Mistérios Por Resolver foi bem construída em termos de investigação e de estudo de cada caso. Além disto, a narrativa imersiva deixa-nos curiosos, arrepiados, a pensar no que realmente pode ter acontecido e abre janelas para as nossas próprias teorias e medos. Na verdade, os produtores aperceberam-se bem de que “as pessoas gostam de se assustar com histórias reais” e, cumprindo o seu objetivo, oferecem ao espectador com uma série desta magnitude.
Título Original: Unsolved Mysteries
Realização: Marcus A. Clarke, Clay Jeter, Jim Goldbum
Elenco: Jane Green, Nancy Reed, Tom Warner
EUA
2020