Charlize Theron celebra 45 anos esta sexta-feira, dia 7 de agosto. Ao quadragésimo quinto aniversário, a atriz conta com mais créditos cinematográficos do que anos de vida. Alguns conhecem-na pelos papéis que interpretou em filmes de ação, como a enigmática assassina Lorraine de Atomic Blonde (2017) ou a Imperator Furiosa em Mad Max: Estrada da Fúria (2015). Outros, por papéis alicerçados numa realidade mais próxima e acessível, como Marlo em Tully (2018) ou Megyn Kelly em Bombshell (2019). De qualquer das formas, Charlize marca presença em Hollywood pela aparente facilidade com que veste as diferentes peles das personagens que interpreta.

Nascida em 1975, em Benoni, na África do Sul, Charlize iniciou a sua carreira na dança clássica e participou em alguns dos bailados mais respeitados e renomados, como “Lago dos Cisnes” e “Quebra-Nozes”. No entanto, rapidamente se apercebeu de que a cidade onde nasceu não era o local certo para alguém jovem suceder nas artes performativas.

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Portanto, com apenas 19 anos, a mãe comprou-lhe um bilhete de ida para Los Angeles, uma decisão ousada das duas partes: da mãe, por acreditar que a filha tinha potencial suficiente para suceder numa indústria impiedosa, num país cheio de tantos outros jovens, talentosos ou iludidos, a lutar no mesmo ringue pelo sucesso; da parte de Charlize, a coragem, a determinação e a confiança em si própria que leva algum tão novo a sair da zona de conforto a que está habituado. Acabou por encontrar trabalho na prestigiada Joffrey Ballet School em Nova Iorque, mas viu a sua carreira enquanto bailarina a ser encurtada por uma lesão no joelho.

Ainda assim, não se deu por terminada; a atitude combativa que frequentemente exubera nos grandes ecrãs transparece-se na própria personalidade. Um dia, quando um banco recusou descontar um cheque enviado pela mãe por ser oriundo do estrangeiro, Charlize, enfurecida, barafustou a sua indignação no meio do local, alto o suficiente ao ponto de atrair a atenção de outros clientes.

Por sorte, a pessoa certa ouviu-a: após ser rejeitada vezes e vezes sem conta por agentes de Hollywood Boulevard, por pura sorte, atrás de Charlize, à hora certa, no sítio certo, na fila certa, estava mais um agente. Este, sem precisar de audições, deu-lhe o seu cartão e Charlize, em troca, aprendeu inglês americano a ver telenovelas. Agora, décadas mais tarde, é possível que outros jovens aprendam inglês ao ver os seus filmes e, talvez, sonhem viver no país onde as luzes do cinema e fama brilham mais fortemente.

Em 2003, o papel que interpretou em Monster valeu-lhe um Óscar de Melhor Atriz, e a partir daí arrecadou mais duas nomeações na mesma categoria com North Country (2005) e Bombshell (2019). Recentemente estrelou em filmes de ação reconhecidos e adorados pelas massas, como Atomic Blonde, Mad Max: Estrada da Fúria, Velocidade Furiosa 8 (2017) e A Velha Guarda (2020).  Não é segredo que Charlize se embrenha por completo nas personagens que interpreta, física e psicologicamente. A atriz treina até ao limite das suas capacidades para aperfeiçoar qualquer género de arte marcial ou luta e não relaxa pela existência de stunt doubles.

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Apesar de este tipo de filmes serem, possivelmente, mais conhecidos entre as camadas mais jovens, a sua lista de créditos enquanto atriz é densa e variada, indo desde personagens elegantes que usam a aparência a seu benefício e lucro, a papéis que a tornam quase irreconhecível. Um verdadeiro camaleão, alterar por completo o seu visual não é problema, pintando o cabelo, cortando-o ou rapando-o por completo.

Para representar Megyn Kelly em Bombshell, vários foram aqueles que expressaram a sua surpresa ao descobrir que era Charlize por debaixo das camadas de maquilhagem protética, mas a capacidade magistral de representar continuava lá. Para Monster, apareceu com a pele da cara repleta de manchas, o corpo inchado e maltratado, as sobrancelhas quase completamente descoloradas; toda a beleza e elegância que lhe eram inerentes arrancadas e, ainda assim, é impossível desviar o olhar do ecrã quando a atriz entra em cena.

Fora o trabalho enquanto atriz, tem ainda uma companhia de produção, Denver and Delilah Productions, e 21 créditos enquanto produtora, incluindo da série Mindhunter, aclamada pela crítica. A produtora criou ainda uma organização que pretende reduzir a prevalência de HIV e violência sexual entre a juventude africana, a Charlize Theron Africa Outreach Project. Como também, apoia publicamente causas como os direitos das mulheres e dos animais, vocalizando frequentemente a opinião contra a utilização de peles para roupa.

Para além do talento artístico e dos projetos ativistas, Charlize é capaz de se comportar com carisma e uma confiança indestrutível em qualquer tipo de situação. Numa entrevista promocional para Bombshell, salientou que se reviu em Megyn Kelly pela ambição, garra e pela forma como trabalhava mais arduamente do que qualquer outra pessoa. Apesar de admitir que tais qualidades podem ser tornadas em armas contra si, mantém-se verdadeira à determinação que a levou a mudar de país 26 anos atrás e a criar uma carreira que ainda tem muito para dar, mas que já está solidificada na história do cinema.