Sérgio de Barros Godinho é um poeta, compositor, intérprete e ator português. Multifacetado, representou em filmes, séries televisivas e peças teatrais. Como autor, compositor e cantor, personifica perfeitamente a sua música de “O Homem dos Sete Instrumentos”.

A dramaturgia surge com a assinatura de algumas peças de teatro assumindo-se também como realizador. Agora, com 75 anos, Godinho continua no ativo, com um álbum lançado em 2018 e com uma série de concertos a realizar nos próximos dias.

Oriundo do Porto, Sérgio Godinho nasceu em 1945. A atração pela música surgiu desde criança, devido à influência da mãe e do tio, ambos com formação musical. O pai, segundo Godinho, era um “melómano”, o que o habituou, desde cedo, a ouvir música francesa e anglo-saxónica.

Com 20 anos de idade, Sérgio deixou a licenciatura de Economia e decidiu emigrar. Primeiro, foi para a Suíça, onde estudou Psicologia. Depois mudou-se para França, onde presenciou o Maio de 68 na capital francesa. No ano seguinte, integrou na produção francesa do musical “Hair”, onde se manteve durante 2 anos. Em Paris, Godinho praticava as suas primeiras composições, na altura em francês.

Em 1971, participou no álbum de estreia a solo de José Mário Branco, Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, como músico e autor. No mesmo ano, a estreia discográfica com o EP Romance de Um Dia na Estrada precedeu o primeiro LP de Godinho, Os Sobreviventes. Este último, inicialmente interditado, foi eleito “Melhor disco do ano” e o artista recebeu o prémio da Imprensa para “Melhor autor do ano”.

Dois anos depois, Sérgio Godinho muda-se para o Canadá, onde vem a casar. Sérgio integrou a companhia de teatro Génesis. Estabeleceu-se numa comunidade hippie em Vancouver onde recebeu a notícia da Revolução do 25 de abril, que o trouxe de volta a Portugal. Já no país de origem, editou o álbum À Queima-Roupa, um sucesso que o fez correr os distritos nacionais, atuando em manifestações populares.

Foi neste tempo que Sérgio se tornou autor de algumas das canções mais unanimemente aclamadas da música portuguesa . “Com Um Brilhozinho Nos Olhos”, “O Primeiro Dia” e “É terça-feira” são alguns dos exemplos.

Até 1980, participou numa série de projetos, nomeadamente na banda sonora de vários filmes e como ator em alguns desses. Godinho editou o álbum Campolide, que viria a ser premiado com o “Prémio da crítica Música&Som” para melhor álbum de música portuguesa desse ano (1979).

Colaborou com o realizador José Fonseca e Costa no clássico do cinema português, “Kilas, o Mau da Fita”. O álbum com a banda sonora do filme foi editado nesse mesmo ano. Canto da boca, novo álbum de originais, editado nesta época, recebeu o prémio de “Melhor disco português do ano”, atribuído pela Casa da Imprensa. Também foi atribuído a Sérgio Godinho o Sete de Ouro para o “Melhor cantor português do ano”.

Pela década de 80, Godinho acrescentou mais uma série de álbuns à discografia. Em 1983, no álbum Coincidências, inclui temas compostos em parceria com alguns dos mais reputados músicos brasileiros – Chico Buarque, Ivan Lins e Milton Nascimento. Sérgio Godinho gravou mais três álbuns de originais nos seis anos seguintes: Salão de Festas, Na Vida Real e Aos Amores.

Nos anos 90, continuou a sua presença cinematográfica ao produzir a série “Luz na Sombra”, exibida pela RTP2, onde abordou algumas das profissões menos conhecidas do mundo da música. Em 1992, realizou três filmes de ficção, com argumento e música igualmente de sua autoria.

Após o lançamento da obra infantojuvenil, “O pequeno livro dos medos”, Sérgio voltou à música em 1993 com o disco Tinta Permanente. Em adição fez o espetáculo “A face visível”. Tanto o disco como o espetáculo foram alvo de grandes elogios por parte de críticos e do público. Ao longo desta década lançou múltiplos álbuns dos quais Noites Passadas, Domingo no Mundo e Rivolitz se destacam.

Entramos no segundo milénio, e Sérgio Godinho continua a sua carreira musical com o disco Lupa. Em 2001, celebra os 30 anos de carreira. O aniversário foi marcado pelo lançamento de Biografias do Amor, uma coletânea de canções de amor e de Afinidades, uma gravação dos espetáculos em conjunto com os Clã.

Em 2003, foi lançado o disco Irmão do meio onde Sérgio Godinho juntou amigos e colegas de profissão numa série de 15 canções. Alguns desses nomes incluíam Camané, Da Weasel, Jorge Palma, Tito Paris e Xutos e Pontapés.

Ligação Direta foi o álbum de originais que se seguiu. Editado em 2006, pôs termos a uma pausa de 6 anos durante o qual o cantautor não produziu novos discos de originais. No entanto, 5 anos depois, regressa com o projeto Mútuo Consentimento, com o habitual grupo de músicos que o acompanha – Os Assessores. Em conjunto, gravaram 12 novas músicas, que resultaram do seu método habitual de composição: “Olhar à volta e ver o que se passa”.

Nesta última década, Sérgio Godinho gravou o disco Caríssimas Canções que resultou de uma série de crónicas para o jornal Expresso, sendo igualmente editado em livro. 2014 foi o ano de Liberdade ao vivo e do livro de contos “Vidadupla”. Também se juntou a Jorge Palma para uma digressão em conjunto que deu origem a um disco.

Em 2017, o artista lança o seu primeiro romance, “Coração mais que perfeito”. Um ano depois, com 72 anos, regressou com o disco Nação Valente. As letras são todas da sua autoria, mas em apenas duas é também autor da música. As restantes composições resultam de colaborações com José Mário Branco, Hélder Gonçalves, Nuno Rafael, Pedro da Silva Martins e Filipe Raposo.

Sérgio Godinho é amplamente conhecido como uma das forças criativas mais significantes que conduzem a música portuguesa na segunda metade do século XX. Por vezes chamado “O Homem dos 7 Instrumentos” pela sua versatilidade musical, Godinho ganhou o respeito generalizado tanto como compositor como como instrumentalista. Principalmente conhecido como músico, o cantautor preenche a sua vida como poeta e ator.

Com várias marcas artísticas deixadas em múltiplas décadas, Godinho tornou-se ele próprio num marco no panorama do Pop, cementando um lugar na história da música portuguesa.