Taylor Swift surpreendeu tudo e todos com um álbum no dia 24 de julho. Folklore é lançado apenas 11 meses depois do sucesso Lover.
Folklore é um projeto surpresa feito em casa. Taylor escreveu e produziu todas as músicas em colaboração com os produtores do álbum, Aaron Dessner e Jack Antonoff. O tom melancólico mas esperançoso reina e nem seria Taylor Swift se o tema principal não fosse o amor.
Trata-se de um lançamento inesperado mas são poucos os aspetos surpreendentes nas 16 faixas. Apesar de ter grandes influências de Folk, não deixa de ser um projeto Pop : o que torna claro que não poderia ser algo revolucionário. No entanto, sendo este o oitavo álbum de estúdio da artista, inovação é esperada. Desde “the 1”, passando por “my tears ricochet” e “this is me trying”, não há grande variedade em ritmo ou energia.
Grande parte do projeto é facilmente confundida por uma balada contínua que dura uma hora. Apesar de distintos, os temas são compostos por tons, melodias e harmonias semelhantes. Aquilo que poderia ser considerado coesão e ótima execução de um conceito, acaba por se tornar monótono e repetitivo. A falta de mudança de intensidade é ainda pior atendendo à longa duração do LP.
No melhor dos casos, as canções parecem versões melhoradas de temas que a cantora teria lançado em 2011. Num outro extremo, diria que são músicas que a Adele não lançou por serem medíocres. No entanto, se a cantora de “Hello” interpretasse qualquer uma destas faixas, a sua voz seria suficiente para as elevar a outro nível. Taylor Swift tem uma ótima voz, isso é inegável, mas nem isso é bem usado em Folklore.
Posto isto, o conteúdo lírico criado pela artista é incrível. Taylor é conhecida pelo seu talento enquanto escritora e compositora e foi esse o setor que mais brilhou no álbum. Todas as músicas têm um tema bem definido com o qual a artista cria ótimas imagens mentais no público. Em termos de letra, o destaque vai para “cardigan” (“And when I felt like I was an old cardigan Under someone’s bed You put me on and said I was your favorite”) e “betty” que leva o ouvinte a imaginar personagens e relações entre Betty e as restantes figuras referidas.
“the last great american dynasty” e “epiphany” são também faixas a destacar pela positiva. A primeira é uma das únicas mudanças de estilo que se ouve e é excelente. A música conta a história de vida de uma mulher que viveu numa casa recentemente comprada por Taylor.
Já “epiphany” não é um grande desvio das demais canções em Folklore, no entanto, tem uma forma diferente de encarar o tom. O tema “ghostin”, do álbum Thank you, Next de Ariana Grande, vem à mente ao ouvir “epiphany”. É uma balada onde as teclas são apoiadas por um marcante grupo de cordas; A voz de Swift é elevada pelas harmonias que se fazem ouvir de fundo.
Por fim, apesar de não ser o pior álbum do ano, ou da década, Folklore é extremamente mediano para Taylor Swift em 2020. A incrível escrita e composição não é suficiente para fazer valer a falta de inovação e interesse na produção. Falamos de uma artista que já venceu oito Grammy’s, dois dos quais na categoria “Álbum do Ano”. A expressão certa é “não impressionado”.
Artista: Taylor Swift
Álbum: Folklore
Editora: Republic Records
Data de lançamento: 24 de julho de 2020