Após uma adesão razoável e críticas favoráveis face à primeira temporada de The Umbrella Academy, no dia 31 de julho, estreou uma segunda na Netflix. Com o mesmo elenco, uma banda sonora de louvar e uma estória complexa e interessante, a família Hargreeves deixa todo o público a ansiar uma terceira parte.
Todos temos aquele amigo que nos pergunta demasiadas vezes que série andamos a ver e qual lhe recomendamos, apesar de nunca vir a ligar verdadeiramente à nossa opinião. Quando lhe falarem de The Umbrella Academy, sentirão esta posição de impotência ao tentar explicar de que se trata sem deixar elementos ultra relevantes de fora, porque tudo o é.
Na primeira temporada, devido a um conjunto infindável de fatores, a premissa culmina no despoletar de um apocalipse no ano de 2019. De todos os sete irmãos dotados de capacidades especiais, o Número Cinco (capaz de viajar no tempo e no espaço), numa tentativa desesperada de salvar a família e o mundo, faz todos desaparecer. A segunda temporada fica, então, obrigada a responder para onde e para quando foi a família Hargreeves.
Esta segunda temporada, respondendo-nos às dúvidas, começa em Dallas na década de 1960. Contudo, todos os membros da família chegaram ao mesmo espaço, mas com diferença de um ou dois anos. Posto isto, todos eles, cansados da busca incessante para reunir a família, formaram uma nova vida. Ora a reivindicar os direitos da comunidade negra, ora com amnésia perdidos numa quinta. O problema desta temporada prende-se quando o Número Cinco se apercebe que o apocalipse “seguiu-os” até à década de 60 e que este irá acontecer dentro de poucos dias.
Tendo respondido à maior parte das perguntas deixadas pela primeira temporada, esta segunda parte deixa-nos novos quebra-cabeças, mas sem serem forçados ou despropositados. O argumento torna-se ainda melhor pelo desenvolvimento exponencial de cada personagem. Já explicados alguns conceitos mais complexos na primeira temporada, como o policiamento do tempo e a Comissão, abre-se espaço e tempo para limpar a imagem de algumas personagens que outrora detestávamos. Sublinhe-se, também, o facto de esta temporada abordar temas bastante pertinentes e atuais como o abuso policial, a homossexualidade e as doenças do foro psiquiátrico, mas sem se fazer valer por isso.
Acerca da performance não resta muito para comentar, sendo que, felizmente o elenco se mantém praticamente o mesmo relativamente à primeira temporada. Enalteço a performance do Número 5 (Aidan Gallagher) que tão bem representa um homem para lá da meia idade no corpo de um rapaz pré-púbere. Bem como a de Klaus (Robert Sheehan) que nos faz sentir os seus momentos mais intensos, mas que rapidamente nos faz rir no segundo seguinte.
A nível técnico, a série mantém-se exímia. Esta temporada conta com cenários de tirar a respiração e cenas de ação que quase nos fazem levantar do sofá, mas sem perder o toque não comercial, alicerçados a efeitos especiais extraordinários. Importa, ainda, referir a banda sonora. Contando com nomes sonantes, como Frank Sinatra, Queen, mas também, com Billie Eilish e Adele (em sueco) todos colocados em momentos pertinentes e inesquecíveis, The Umbrella Academy oferece-nos das melhores bandas sonoras de uma série de que tenho memória.
The Umbrella Academy é uma série praticamente perfeita e não me considero suspeita. Creio que até quem não se assume como fã deste género, tem dificuldade em apontar defeitos a esta. Anseio pela terceira temporada, não só pelas questões que ficaram por responder, mas também pela dificuldade de encontrar até lá uma série que se equipare na qualidade.
Título original: The Umbrella Academy
Realização: Steve Blackman
Argumento: Jeremy Slater, Bob DeLaurentis
Elenco: Ellen Page, Tom Hopper
EUA
2020