O projeto surgiu da parceria entre o Centro de Investigação em Estudos da Criança da Universidade do Minho (CIEC) e o Centro de Investigação em Ciência Psicológica da Universidade de Lisboa.
Estudo conclui que 56,1% dos alunos gostaria de ter aulas em regime misto no próximo ano letivo. Esta conclusão faz parte do estudo “Aprendizagem online em tempos de Covid-19: um estudo com alunos do ensino superior” que envolveu 2.718 alunos, entre os 20 e os 25 anos, de várias instituições de ensino superior do país. A apresentação decorreu esta quarta-feira na plataforma Zoom.
A coordenadora, Maria Assunção Flores, elencou que primeiramente, falam de questões de segurança e saúde, visto que em casa existe um menor risco de contágio pelo novo coronavírus. Ao mesmo tempo, os estudantes reconhecem a mais valia de ter aulas gravadas, visto que, posteriormente, podem ser consultadas as vezes que forem precisas. Os estudantes sustentam, também, a decisão com menos gastos, por exemplo, nas deslocações. Noutro ponto de vista, com o regime presencial, seria possível realizar atividades mais práticas e contar com um maior acompanhamento dos docentes.
O estudo revela, ainda, que 40,9% dos estudantes teve uma boa ou muito boa experiência com o ensino à distância, sendo que 40,6% discorda, admitindo que teve uma má ou muito má experiência. Apenas 5,9% dos alunos inquiridos já tinham experienciado o ensino à distância antes da pandemia. A coordenadora fala num “equilíbrio percentual” que é “justificável”.
Os alunos garantem que o ensino à distância é menos funcional e mais trabalhoso, dado que existe, em alguns casos, falta de recursos, equipamento e de apoio por parte dos docentes e da própria instituição de ensino superior. Distração e stress são outros fatores que os alunos apontam, para além da sobrecarga de trabalho. De acordo com as respostas conseguidas, esta dificuldade teve reflexo nas notas finais. Assim, em média, os estudantes afirmam despender de 15 horas semanais para as aulas, estudo e tarefas.
O estudo sondou os alunos de modo a tentar perceber se a maioria tinha, de facto, condições para ter aulas online. Segundo Paulo Flores, um dos responsáveis pelo projeto, 98,1% garantiram ter acesso a um computador e 98,5% tem acesso à internet. 4,7% confessou ter pedido emprestado um dispositivo para acompanhar as aulas. No geral 49,3% refere ter condições adequadas e 44,6% não tanto.
Maria Assunção Flores, defende a reflexão em torno da literacia digital, de modo a preparar alunos e docentes para esta transformação que, devido à pandemia, foi “abrupta”.