A Velha Guarda estreou na Netflix em julho. A longa-metragem vem trazer uma dose de ação que já há muito que não se vê. Vem, sobretudo, reavivar a esperança nos filmes desta mesma temática.

Desde os tempos de Stallone, Van Damme, Steven Seagal e de muitos mais icónicos guerristas, o número de mulheres a protagonizar um filme de ação e/ou policial tem aumentado. No entanto, na generalidade deste tipo de obras cinematográficas, tanto tendo como personagem principal um homem ou mulher, o aprazer sentido ao visionar estes filmes tem diminuído.

Assassino Americano (2017), A Agente Vermelha (2018), Tyler Rake: Operação de Resgate (2020), The Rhythm Section (2020) são algumas exceções à regra e apresentam-se ligeiramente gloriosos. Contudo, o enredo corrido, as personagens leves e a história linearmente aperaltada com sobressaltos pouco desejosos, mantêm-se. E depois, o espectador submete-se a assistir A Velha Guarda, sem muitas expectativas e já a prever pontos de desilusão, a surpresa arrebate-o.

O conceito que suporta a longa-metragem expõe-se simples, porém abisma e é bem generoso. Com inúmeras centenas de anos, milhares de vivências e com um conjunto de características peculiares, Andy (Charlize Theron), Booker (Marrhias Schoenaerts), Joe (Marwan Kenzari) e Nicky (Luca Marinelli) dedicam a sua quase imortalidade a combater aquilo que há de mau na humanidade e a salvar quem precisa de ser salvo.

Seguindo este ponto de vista, o filme retrata uma das suas missões que acaba por deflagrar numa caça furtiva de imortais, experiências científicas, uma corrida contra o tempo e na chegada de um novo elemento, Nile (Kiki Layne), à guarda. Ao longo de A Velha Guarda conhecesse-se também a história por detrás dos elementos do grupo e é assim que o espectador cria e explora os seus laços com estas personagens. Tudo isto desenvolve-se sem pressas, sem cansaços ou desesperos. Não aborrece, só surpreende.

O enredo é palpável e inteiro. A história não deixa o espectador zonzo de informação e o desenrolar dos eventos, mesmo que intranquilos, ocorre nos devidos momentos e a bom ritmo. Á medida que os minutos vão passando, ficamos presos numa teia de acontecimentos que torna a ação num mistério com pontas de enigmas com muita e muita luta.

O elenco é composto por caras novas e a personagem principal, Andy, é representada por uma atriz fielmente bem escolhida para este papel. Charlize Theron é brilhante nesta performance e menos não se pode dizer. As restantes personagens são dadas e aprofundadas na medida certa e não surge incompreensão.

Os cenários modernos e tecnológicos acabam por contrastar com a intemporalidade dos membros da velha guarda, o que cria um balanço pleno entre as épocas abordadas. Da banda sonora só podemos acrescentar que assenta que nem uma luva, para aquilo que é pensado para uma distinta obra cinematográfica.

Das ações queremos banhos de umas quantas explosões e salpicos de sangue, uns tiros e combates. Ainda assim, para que o filme faça o seu devido sentido e dê a experiência máxima ao espectador, estas cenas têm de estar alicerçadas a uma boa e completa narrativa. Em A Velha Guarda temos tudo, menos uma continuação, para já.