Beleza Americana estreou em 1999 e recebe até hoje rios de elogios, mantendo-se como um dos dramas com mais influência cinematográfica. Vencedor de óscares e dos nossos corações, é um daqueles clássicos que não pode deixar de ser visto.
A história é narrada por Lester Burnham (Kevin Spacey), que começa por se apresentar de uma maneira fora do comum. Quando se introduz ao espetador, afirma que já está morto de um certo modo. O tipo de morte que sente é uma morte interna, morte daquilo que um dia fora, da juventude e da vida que em certos tempos tivera. Constata-se que a personagem está a atravessar uma crise de meia-idade e não lhe é fácil arranjar um propósito para viver. Tal como se a beleza da vida estivesse estagnada.
Lester é casado com Carolyn (Annette Bening), uma mulher extremamente dedicada ao sucesso no trabalho, ao luxo e ao materialismo. As suas prioridades chocam com as do marido e o casamento é retratado como uma relação vazia e sem amor.
A relação com a filha, Jane (Thora Birch), não tem uma dinâmica muito melhor. O pai não consegue comunicar com ela e mesmo vivendo debaixo do mesmo teto são muito distantes. Jane é uma adolescente típica, chateada com os pais e consigo mesma, pelo que também não faz grandes esforços para se aproximar da família. Assume ser diferente de todos e ter problemas a integrar-se. Mesmo na escola, a única amiga que tem é Angela (Mena Suvari).
É precisamente por Angela que Lester acaba por se apaixonar. Quando a vê pela primeira vez, imagina que esta dança só para ele. As luzes apagam-se e todas as outras dançarinas desaparecem. O ponto alto do momento chega quando a jovem desaperta o casaco e de lá jorra um mar de rosas.
Para além das relações familiares, as relações de vizinhança surgem também. A maioria da história é vivida sempre na mesma rua, à volta da casa dos Burnham e dos Fitts, os vizinhos da frente. Ricky Fitts (Wes Bentley), rapaz da idade de Jane, expande os horizontes do filme. Ao contrário de Lester, Carolyn e Jane, consegue ver no mundo a existência do belo e decide gravá-lo.
Ricky começa por filmar Jane, que apesar de a princípio se sentir desconfortável com o ato, acaba por demonstrar alguma satisfação pela atenção que recebe. Isto revela ao público um novo fator da personalidade de Jane: no fundo, só quer alguém que a valorize, visto que não encontra na família quem o faça. Ricky vê nela beleza e ajuda-a a vê-la também.
A complexidade do enredo vai aumentando à medida que, uma a uma, todas as diferentes narrativas se vão cruzando. Em adição, a estética tão agradável e bem conseguida eleva o nível do projeto. O simbolismo das rosas mantém-se presente e as filmagens são feitas de vários ângulos. Quando vemos Jane ou Lester através da lente de Ricky, cria-se uma maior proximidade aos protagonistas.
Todos os elementos do filme juntam-se para criar o final perfeito. O modo como a história de cada um se entrelaça de algum modo com a história de todos os outros é incomparável. Salienta-se que a maioria da narrativa tem lugar na mesma rua, entre duas casas vizinhas e duas famílias que se encontram. Duas horas de crescimento e drama que deixam marca.
Título original: American Beauty
Direção: Sam Mendes
Argumento: Alan Ball
Elenco: Kevin Spacey, Thora Birch, Wes Bentley, Mena Suvari
EUA
1999