Dua Lipa lançou a reinvenção do álbum de sucesso “Future Nostalgia”, em colaboração com The Blessed Madonna. O projeto de remixes retira grande parte da influência disco do original e atribui um novo vibe dance, tal como o título Club Future Nostalgia indica.

Depois do êxito do incrível Future Nostalgia, no início do ano, Dua Lipa decidiu experimentar diferentes formatos e tons para os mesmos temas. O CD original tem influências disco, house e funk, enquanto Club Future Nostalgia ganha uma energia completamente diferente, própria de um álbum de remixes. Nestes novos mixes são adicionados mais variáveis e elementos “dançáveis”, que não adicionam muito ao conteúdo do projeto anterior.

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Começando pelos pontos positivos, o álbum apresenta uma coesão exemplar. As músicas cortam para as seguintes através de transições que elevam o projeto a um novo nível de qualidade de produção. Há, ainda, um tom consistente durante toda a duração do disco. Deste modo, todo o álbum faz lembrar “I Feel Love” de Donna Summer, o que seria um enorme elogio, se não fosse pelo facto de estarmos a falar de 50 minutos disto.

Há dois momentos em que a criação deste álbum (quase) se justifica, são eles a primeira faixa “Future Nostalgia (Joe Goddard Remix)” e “Boys Will Be Boys (Zach Witness Remix)”. A primeira posiciona o ouvinte num ambiente excelente e a segunda que está simplesmente bem produzido. Os restantes temas são, no melhor dos casos, razoáveis.

Outro elemento que vale a pena referir pela positiva são os pequenos recados que Dua Lipa deixa espalhados pelo projeto. A cantora lembra-nos “You’re listening to Future Nostalgia”, o que serve para que os fãs não se esqueçam do nome do pior álbum de Dua Lipa. Para não falar de que dá às músicas aquela energia típica da publicidade nas rádios.

Dua Lipa e The Blessed Madonna conseguem a colaboração de Madonna, Gwen Stefani, Missy Elliott e Mark Ronson, entre outros. A presença de tantos ícones da indústria musical seria a melhor oportunidade para tornar o projeto em algo que vale a pena ouvir, mas não é o caso. A participação de Madonna em “Levitating (The Blessed Madonna Remix)” é apenas responsável por piorar um tema extraordinário. Aliás, o único elemento musical adicionado neste remix que se justifica é a presença de Missy Elliott.

No meio de 17 faixas, encontra-se “Pretty Please (Masters at Work Remix)”, tema cujos únicos atributos positivos são a voz de Dua Lipa e a curta duração. A música original, “Pretty Please”, é ótima. Nos elementos que foram adicionados a esta versão temos duas opções: mau ou dispensável.

Uma sirene aleatória distrai o ouvinte do resto da faixa. Já para não mencionar o som, que pode ser comparado ao que Squidward (do desenho animado “SpongeBob SquarePants”) faz a caminhar, que teima em persistir. Não  é, de todo, algo que se queira ouvir durante um minuto e 54 segundos.

Em 2020, no meio de uma crise de saúde mundial em que os ajuntamentos sociais têm de ser evitados, Dua Lipa lança um projeto que funciona melhor em discotecas. A palavra para todo o álbum, mesmo nos momentos menos maus, é “desnecessário”.