“As Troianas” é a peça que vai abrir portas a uma maior utilização do espaço, em ligação da arte com a arqueologia.

A celebrar 40 anos de atividade, a Companhia de Teatro de Braga divulgou um novo projeto, em conferência de imprensa. A iniciativa foi apresentada esta quarta-feira, nas Termas Romanas do Alto da Cividade e contou com a presença de Rui Madeira, do CTB, Armandino Cunha, arqueólogo da Câmara de Braga, e os vereadores da Cultura e do Património, Lídia Dias e Miguel Bandeira, respetivamente.

O novo programa da companhia incide sobre a apresentação de uma peça intitulada “As Troianas”, em plenas Ruínas do Teatro Romano. A ideia será que o público tenha uma experiência única e se reconecte com o carácter sagrado que na antiguidade atribuíam à arte dramatúrgica.

A criação de “As Troianas” dá sequência ao trabalho de Rui Madeira sobre clássicos gregos. O primeiro trabalho “Bacantes” definiu-se por ser um espetáculo sobre a condição humana, enquanto o segundo, denominado “Oresteia”, conta a história da Europa após a segunda guerra mundial. “As Troianas” surgem com o intuito de centralizar a dramaturgia nas relações histórico-culturais, sociológicas e políticas, entre as guerras das potências e as suas antigas colónias. Além disso, pretendem que o espetáculo cruze o texto de Eurípedes com testemunhos vivos de vítimas da tragédia de Rohingya, em Miamar.

Sendo Braga uma cidade com uma “profunda marca romana identitária”, Rui Madeira confessa que já era há muito um desejo do CTB que algo fosse feito naquele espaço. “Se calhar nem sequer é o melhor espetáculo que nós temos para fazer aqui, se calhar fazia mais sentido ter feito a Orestreia, porque é com a Orestreia que começa aquilo que ainda hoje é um conceito e uma ideia de justiça moderna”, confessa Rui Madeira. No entanto, afirma que “As Troianas” são igualmente um marco do ponto de vista de “reconhecer nas mulheres as grandes mártires das guerras do que vai acontecendo no dia-a-dia”.

A Vereadora da Cultura, Lídia Dias, sublinha que a iniciativa da Companhia de Teatro de Braga é um “programa de valorização de um património ativo e muito rico”. Além disso, acrescenta que esta é a postura que a cidade de Braga necessita para continuar a ser uma referência a nível nacional e internacional.

Miguel Bandeira, Vereador do Património, afirma que esta iniciativa vai abrir portas para que se possa “encontrar aqui um compromisso de uso subsequente deste espaço”. As ruínas do Teatro Romano da Cividade terá de conciliar as artes perfomativas e exposições com a “necessidade de prosseguir com o aprofundamento de conhecimento das escavações”, remata.

A Câmara Municipal de Braga garantiu todo o apoio ao projeto do CTB, que vai ter sessões nos dias 10 e 13 de agosto, pelas 21h30.