A Celita, empresa vimaranense detentora da marca “Ambitious”, é uma das 33 empresas portuguesas a participar no certame internacional.
A feira internacional de calçado de Milão (MICAM) é a maior do setor a nível mundial, atraindo anualmente os melhores produtores e milhares de visitantes. A 90ª edição do certame começou ontem e conta com a participação de 33 empresas portuguesas, entre elas a Celita, com a marca “Ambitious”, de Guimarães.
Na visita à comitiva portuguesa, o secretário de Estado Adjunto e da Economia, João Neves, reconheceu que esta edição da feira é “diferente de todas”. Contudo, sublinhou “a importância da presença de um número muito expressivo de empresas portuguesas, em circunstâncias muito difíceis”.
O primeiro dia desta edição revelou-se atípico em relação aos outros anos, registando uma reduzida afluência de visitantes. Apesar disso, João Neves preferiu salientar a “capacidade de resistência” dos participantes e o seu foco na venda dos produtos. “Quem vem a uma feira como esta vem para fazer negócio e não para ver as tendências do mercado, como noutras edições, porventura, aconteceu”, afirmou.
A marca “Ambitious” da empresa Celita, localizada em São Torcato, Guimarães, está representada na feira pela primeira vez. Pedro Lopes, gestor da marca, partilha com a agência Lusa a opinião positiva do secretário de Estado, referindo que a participação nesta edição é “um sinal de coragem e de proximidade que é preciso dar aos retalhistas”.
“Esta estação foi difícil de planear, mas assim que foi possível recomeçámos as nossas viagens e estou há já duas semanas na estrada. Os nossos clientes não vão poder viajar tanto, por isso temos de estar mais próximos deles”, esclareceu.
A Celita exporta para 47 mercados, muitos dos quais fora da União Europeia. A propósito, Pedro Lopes reflete sobre as condicionantes da pandemia e destaca a ausência de compradores extracomunitários como “a maior quebra” nesta edição da MICAM. “Mas não é por isso que a feira deixa de fazer sentido, até porque a Itália é o nosso principal mercado”, acrescenta.
Após ter faturado 20 milhões de euros em 2019, a empresa de Guimarães prevê fechar este ano com uma quebra nas vendas de “15 a 20%”. O “melhor início de ano de sempre”, registado antes do período pandémico, vai permitir compensar, em parte, a paragem total em abril e a quebra de atividade nos restantes meses.
Perante esta condição, a registar-se noutras empresas e setores económicos, o secretário de Estado Adjunto e da Economia assume a “responsabilidade” do Governo de “ter uma palavra forte de suporte às atividades económicas”. “Continuaremos a apoiar os empresários e os trabalhadores para manter as empresas e os empregos”, garantiu.
Reconhecendo a “enorme incerteza” que rodeia a evolução da Covid-19, João Neves admite uma adaptação das medidas de apoio em caso de deterioração da economia. No entanto, não considera provável o regresso do regime de lay-off simplificado no Orçamento do Estado de 2021. “Penso que não estamos nessa fase”, considerou.
Também Eurico Brilhante Dias, secretário de Estado da Internacionalização, acompanhou João Neves na visita à comitiva portuguesa na MICAM. O governante salientou que, “apesar de todas as restrições, o setor de bens teve em julho um decréscimo de apenas 7% face ao mês homólogo de 2019”. Referiu ainda que o setor tem vindo “progressivamente a diminuir” a diferença em relação ao ano anterior.
“Os exportadores portugueses foram cruciais para que Portugal saísse da última crise. Foram, em grande medida, uns heróis, e desta vez não vai ser diferente. Serão os exportadores e estas empresas que vão fazer com que Portugal ultrapasse este momento particularmente difícil em todo o mundo”, concluiu.
A 90.ª edição da MICAM termina esta quarta-feira, dia 23. Com o objetivo de aumentar as oportunidades dos participantes, a organização promove também o “MICAM Milano 90 Digital Show”. O projeto online começou a 15 de setembro e prolonga-se até ao dia 15 de novembro.