A nova produção live-action da Disney chegou e, desta vez, a vítima é Mulan. Passados 22 anos desde a primeira adaptação da lenda chinesa ao grande ecrã, os estúdios Walt Disney tentaram uma técnica diferente. Depois de alguns adiamentos, o filme chegou à Disney Plus no início de setembro.

Aquele que foi outrora um musical, animado para crianças, é, agora, um filme de ação com morte e violência em grande plano. No entanto, a alma da pelicula mantem-se focada nas três palavras “Lealdade, Coragem e Verdade” que guiam, Hua Mulan pela sua aventura.

O espectador vê a vida de Mulan a acontecer desde a infância até à conclusão da trama principal. A história é basicamente a mesma do clássico de 1998, que, por sua vez, é uma adaptação de uma antiga lenda chinesa. A versão de 2020 tenta aproximar-se à lenda tradicional, retirando elementos que existiam para a mais fácil comercialização da Princesa Disney, Mulan.

Uma jovem rapariga junta-se ao exército do grande império chinês com o objetivo de proteger o seu pai e trazer honra para a sua família. Devido às regras, Mulan tem de fingir ser um homem, uma vez que a integração de mulheres no exército é punida com exílio. Depois de se revelar como mulher, a jovem consegue salvar o império, o imperador reconhece-a como uma das melhores guerreiras da China e isto traz grande honra à família Hua.

Nesta nova versão, não existe a energia mítica que se fazia sentir no original, uma vez que personagens como o dragão Mushu e os antepassados de Mulan são retirados para dar uma vibe mais realista ao filme. Os elementos musicais são agora apenas parte da banda sonora, que está lindamente composta para cada situação.

Apesar de ser um dos filmes mais esperados de 2020, produzido por uma das equipas mais capazes do mundo e ter um orçamento de 200 milhões de dólares, o filme fica muito aquém das expectativas. As cenas de ação que requerem luta corpo a corpo, ou acrobacias, são feitas e animadas de uma forma que dá um tom quase cómico ao filme. Juntamente com a criação dos cenários em fundo verde, principalmente no início da trama, esta assemelha-se a uma paródia de si mesma.

Os destaques (pela negativa) vão para a cena inicial em que Mulan, ainda criança, tenta colocar uma galinha dentro da capoeira e acaba por cair de um telhado. Mais para o fim, os momentos de luta corpo-a-corpo de Mulan com o vilão principal, Bori Khan, são igualmente mal produzidos. As cenas estão tão mal animadas que parecem saídas de um dos filmes da saga Scary Movie.

Algo positivo é o guarda roupa, cabelo e maquilhagem que se vê ao longo do filme. Todas as personagens estão caracterizadas a um nível de excelência expectável que simplesmente não é acompanhado no resto da pelicula. Desde os trajes tradicionais e próprios da cultura da alta-sociedade chinesa, aos trabalhos detalhados nos cabelos e maquilhagem na cena da casamenteira, são detalhes que valem a pena realçar.

É possível verificar uma melhoria considerável na qualidade de produção no decorrer do enredo. O início é simplesmente, medíocre, mas com o passar do tempo, o espectador entra no contexto da história e acaba por ser bastante agradável e chega a ser, interessante.

Mulan é assim, um filme que não chega aos calcanhares de outras adaptações como Maléfica (2014), ou Cinderella (2015), mas que não deixa de ser um bom momento de lazer em família. Esperamos agora para ver qual será a próxima vítima desta nova era nos estúdios de produção da Disney.