A 20 de junho a Universidade do Minho foi alvo de críticas pelo BE por cobrar as residências fechadas.
No dia 7 de março, a Universidade do Minho decidiu fechar as portas devido à pandemia causada pela Covid-19. Nessa altura, foi recomendado aos alunos que habitavam nas residências universitárias que lá permanecessem em quarentena, ou, caso pudessem, que voltassem às suas casas.
Nesse momento, tudo se complicou. Os alunos foram notificados, através de um e-mail da Universidade, como seria feito o pagamento das residências, que diferia entre bolseiros e não-bolseiros. Em entrevista ao ComUM, Marta*, aluna bolseira, contou que estava em casa quando descobriu que a Universidade ia fechar e, por isso, decidiu não regressar à residência. “Foi sem dúvida um momento tenso e quem estava lá ficou em choque e sob pressão para sair apenas com itens essenciais e o mais rápido possível”.
Apesar dos despachos fornecidos pela UM, o tema dos pagamentos das residências continuou uma incógnita. O Bloco de Esquerda decidiu assim, questionar o Ministro da Ciência Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, sobre a cobrança das mensalidades de alojamento.
Uma das perguntas que se sobressaiu foi se Manuel Heitor considerava aceitável que a Universidade do Minho continuasse a cobrar as mensalidades, durante a suspensão das atividades letivas presenciais. Esta pergunta foi feita mesmo depois da Universidade afirmar que iria devolver o dinheiro àqueles que abandonassem o quarto.
Bruno*, aluno não-bolseiro da residência, explica que como também foi a casa no fim-de-semana em que foi descoberto um caso de Covid-19 no campus de Gualtar, não voltou a Braga. “Só voltei mais tarde, no dia 1 de junho, para tirar as minhas coisas do quarto e formalizar a saída”.
A questão do pagamento foi finalmente esclarecida ao ComUM pelos próprios estudantes. “Fui obrigado a pagar o mês de março completo, apesar de ter lá estado apenas cinco dias. A razão que me deram é que tenho sempre de pagar a partir do momento em que o quarto está ocupado, mesmo que só o utilize um dia do mês. A partir de abril já não paguei mais.”, declarou ainda o estudante não-bolseiro.
Já a aluna bolseira relatou que, no seu caso, uma vez que o montante da bolsa para a residência é depositado na conta bancária e, posteriormente, retirado pelos Serviços Académicos, tudo se manteve. “Para os alunos bolseiros não se implicaram mais custos, porque o dinheiro da residência é dado como um complemento de alojamento.” Assim, os bolseiros continuariam a pagar, uma vez que recebem do Estado e os não-bolseiros deixaram de o ter de fazer, no caso de terem deixado o quarto da residência.
É de realçar que Rui Oliveira, o presidente da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM), assegura que “serão ressarcidos os valores a quem tenha pago sem ter estado a usufruir do quarto”. Para além disso, a AAUMinho confirma ter sido consultada do envio prévio do comunicado, tendo concordado com o mesmo, “uma vez que estabelece justiça aos estudantes não-bolseiros que saiam das residências”.
O ComUM também procurou saber a posição do BE, meses após ter questionado a Universidade do Minho. Luís Monteiro, deputado do partido na Assembleia da República e um dos autores da carta ao Ministro da Ciência Tecnologia e Ensino Superior, diz ter conhecimento do despacho fornecido. “Da parte do Bloco de Esquerda e, no que toca ao seu trabalho parlamentar, não esquecemos ninguém. No Ensino Superior, é urgente garantir mecanismos de Ação Social que apoiem os mais desprotegidos”, admite.
Rui Oliveira percebe o porquê de o partido ter levantado esta questão e menciona que o BE “fez o seu papel” e que “tendo dúvidas e algumas questões, pediu esclarecimentos em prol do interesse dos estudantes.”. Contudo, o presidente da AAUM testemunha que toda esta situação “não passa de uma má comunicação”.
Falta de Alojamento é outra inquietude
Quanto ao alojamento, cuja capacidade é reduzida, o deputado afirma que este tema é “uma preocupação”. O assunto já é tema de conversa há vários anos, não havendo, no entanto, progressos. Dessa forma, Luís Monteiro diz que “a necessidade de construção de mais residências” e um “maior e melhor apoio aos estudantes deslocados, sejam ou não bolseiros” é de extrema importância.
“A AAUM, desde há, pelo menos, 3 anos para cá, tem pedido resolução para a questão do alojamento nas cidades de Braga e Guimarães. Este foi sempre um tema de discussão junto dos partidos e da tutela, sendo que a tutela continua sem dar uma resposta de fundo a este problema.”, atenta ainda o presidente da Associação Académica.
Apesar disso, a situação agrava-se no próximo ano porque, de acordo com a informação do reitor, haverá a redução de 10% das camas disponíveis. “Para o próximo ano, esperamos que a tutela seja capaz de suprimir o défice provocado pela pandemia, que até ao momento ainda contabiliza um défice de 2500 camas para todo o país e já estamos a poucas semanas de iniciar o ano.”, conclui Rui Oliveira.
*Todos os nomes utilizados nesta reportagem são fictícios para preservar a identidade dos alunos com quem o ComUM conversou.
** O ComUM tentou contactar a reitoria e, até ao momento da publicação, não obteve declarações.