Perante o contexto pandémico, o reitor da Universidade do Minho, Rui Vieira de Castro, admitiu quebra na procura por alunos estrangeiros e preocupações a nível do alojamento estudantil.
Em entrevista à agência Lusa, o reitor da Universidade do Minho, Rui Vieira de Castro, revelou que as preparações para o novo ano letivo começaram já em junho. “Reorganizamos o funcionamento dos ‘campi’, porque é impossível termos todos os alunos ao mesmo tempo nas instalações e cumprir as medidas de distanciamento necessárias”, explicou.
Desta forma, avançou que as turmas da academia minhota foram diminuídas e o horário de aulas alargado: “antes havia aulas até às 18h00, este ano será até às 20h00”, afirmou o reitor. Para além disso, divulgou que o horário de funcionamento da instituição e as normas de utilização sofreram também alterações.
“Os horários das cantinas e restaurantes foram também alargados, foram criados corredores de circulação por todos os espaços”, referiu o reitor. Além disso, revelou que vai passar a haver “aulas ao sábado, quando estas só haviam para pós-graduações, mestrados e doutoramentos”. Adiantou ainda que tudo foi “revisto e pensado para, numa lógica também pedagógica, adequar o funcionamento da universidade às regras exigidas”.
De acordo com o reitor da UMinho, estas adequações são “algo preocupante”, uma vez que levam ao aumento de custo de funcionamento da instituição. De qualquer das formas, Rui Vieira de Castro relembrou o contrato-programa entre a universidade e Governo, um contrato que prevê compensações caso haja custos adicionais para as instituições causados por diplomas legais.
“Obviamente que os custos aumentaram e isso preocupa-nos. Quero acreditar que haverá por parte do Governo sensibilidade para essa questão dentro do contrato-programa que existe. O ministério das Finanças tem estado a pedir que a universidade dê conta das despesas adicionais, mas até ao momento não sabemos de qualquer aumento na dotação orçamental”, sublinhou.
O regime misto é outra das medidas dotadas pela academia. No entanto, “com preferência no regime preferencial, que é o que melhor se adequa ao plano pedagógico seguido pela UMinho”. O regime presencial “terá mais enfoque nos primeiros anos dos vários cursos para que seja criada uma maior vinculação à instituição e aos cursos por parte dos novos alunos”.
Ao longo da entrevista, Rui Vieira de Castro destacou o alojamento dos estudantil como uma das “maiores dificuldades”. Ressalvou que “já o era” antes, no entanto, o estado de pandemia obrigou ao investimento de cerca de 250 mil euros nas residências universitárias, de modo a adaptá-las às exigências das autoridades de saúde.
O reitor relembrou que esta não é já uma preocupação nova, “mas que esta situação de pandemia agravou”. As medidas de segurança exigidas levantaram a necessidade de redução de camas nas residências universitárias.
Neste momento, as 1.400 camas disponibilizadas foram reduzidas para 1.260, uma redução de cerca de 10%. Rui Vieira de Castro referiu que “se já eram poucas, menos ficaram”. No entanto, acredita que a diminuição não foi “muito drástica”. Relembre-se que a Câmara Municipal de Braga encontra-se a incentivar os proprietários de alojamentos locais a disponibilizarem os imóveis para estudantes universitários.
O reitor destacou também que se verifica uma diminuição de procura por parte de alunos estrangeiros e também diminuição da procura de programas de mobilidade temporária, como o programa Erasmus. Contudo, a instituição previa “quebras muito mais significativas”.
“Na procura de alunos estrangeiros para fazerem aqui um ciclo completo houve uma diminuição de procura na ordem dos 15%. A quebra mais acentuada está a sentir-se quer na saída quer na entrada de alunos para programas de mobilidade temporária, devido às incertezas de circulação, de encerramento de universidades e a outras condicionantes que podem voltar a acontecer”, descreveu.