O projeto tem parceria do Plano Nacional de Leitura, do Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar e do Investigare.
A Universidade do Minho lançou, esta quinta-feira, uma plataforma digital para o ensino da leitura e escrita do 1.º ao 4.º ano de escolaridade. Em comunicado, a UMinho explica que a ferramenta, intitulada “Ensinar e Aprender Português”, “é adequada para aulas presenciais, à distância e mistas, permitindo atender aos ritmos de aprendizagem de cada aluno e fornecendo feedback do seu progresso”.
A sessão de apresentação, mediada por Teodolinda Magro, contou com a presença das investigadoras coordenadoras, Fernanda Leopoldina Viana e Iolanda Ribeiro, o diretor do Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar, José Verdasca, e a comissária do Plano Nacional de Leitura, Teresa Calçada. Além da apresentação da plataforma digital, o II Webinar “Ensinar e Aprender Português” explorou os desafios do presente e do futuro.
José Verdasca abriu a sessão, em representação do Secretário de Estado Adjunto e da Educação, João Costa, congratulou a iniciativa. O diretor apontou ainda a relevância da “operacionalização destas possibilidades em questões da literacia da leitura e que tão importantes são no desenvolvimento das populações, das escolas, das comunidades. No fundo, da cidadania e do seu exercício”.
Iolanda Ribeiro passou a explicar que a formulação e construção da ferramenta em análise “está associada a um conjunto de preocupações que nós temos transportado ao longo dos anos, preocupações que tem a ver com questões muito pragmáticas”.
Desta forma, a coordenadora apontou algumas dessas inquietações: o ensino do português mediado com recursos tecnológicos, a resposta aos alunos com ritmos de aprendizagem diferentes, a possibilidade de criar um sistema que permita combinar modalidades distintas, a presencial, mista ou à distância; a promoção da literacia digital dos alunos, a autorregulação e o desenvolvimento dos estágios de aprendizagem; o aumento da autonomia dos estudantes e a promoção da motivação para a leitura.
Além de uma ferramenta que prevê auxiliar os problemas enumerados, Iolanda Ribeiro sublinhou que um dos pilares fundadores da plataforma incide em “disponibilizar aos professores um recurso que pudesse servir de apoio à sua prática letiva, libertando-os de tarefas que podem ser efetuadas de modo automático, como seja a correção de trabalhos de casa ou outros tipos de atividades”.
Espera que essa substituição por uma ferramenta automática facilite “uma gestão diferente do tempo”. Desta forma, crê que os professores passam a conseguir “responder aos alunos que precisam de uma maior proximidade ou um maior apoio dos professores.” Como referiu, “por último e não menos importante”, a plataforma está ainda “associada a preocupações como a equidade e a inclusão.”
Como tem vindo a ser discutido, “a pandemia que estamos a viver veio criar novos problemas e o próximo ano que se antecipa vai ser um ano complexo”. Foi “nessa complexidade que se antecipa” que as coordenadoras foram desafiadas e “um bocado persuadidas no sentido de disponibilizar um recurso tecnológico digital que pudesse ser simultaneamente presencial, à distância ou num modelo misto”.
Assim, segundo o comunicado avançado, o recurso tecnológico “permite ao professor definir a sequência do ensino, apoiado por atividades interativas, vídeos e PDF”. Para além disso, inclui um mecanismo de correção imediata, um histórico de resultados dos estudantes e tutores virtuais. Estes tutores são substituídos por personagens animadas, como Angelina Ensina ou a Francisca Crítica.
Fernanda Leopoldina Viana esclareceu que os tutores virtuais têm como função explicar “o que fazer, porque se erra, se é melhor repetir a tarefa ou se se pode prosseguir na matéria”. Por sua vez, Iolanda Ribeiro, acrescentou que “este apoio tutorial permite à criança alicerçar conhecimentos e avançar na aprendizagem de forma diferenciada, seja na escola ou em contexto familiar”.
É ainda avançado que a plataforma vai compreender provas de rasteio anuais e provas de monitorização trimestrais, de forma a “identificar estudantes que suscitam preocupação pedagógica e, em simultâneo, para aferir a eficácia das medidas de diferenciação pedagógica eventualmente implementadas”.
Para além disso, a ferramenta “Ensinar e Aprender Português” vai contemplar os seguintes domínios: correspondência grafema/fonema, compreensão oral e da leitura, fluência da leitura, gramática, ortografia, projetos de escrita, educação literária e ainda, “passaporte de leitura”.
O passaporte de leitura corresponde a um colecionável de carimbos “alusivos a todas as leituras que vão fazendo ao longo do 1º ciclo, na escola ou fora dela”. Com este domínio pretende-se “criar leitores e estimular a novas viagens pelos livros”.
As investigadoras responsáveis pela plataforma acreditam que esta reside numa mais valia na pandemia. Perante o estado epidémico, contam que foi colocada muita pressão no sistema educativo e houve crianças que, nas aulas virtuais do último ano letivo, não conseguiram aprender todas as letras para começarem a ler.
Durante o II Webinar “Ensinar e Aprender Português”, Iolanda Ribeiro referiu ainda que os conteúdos não estarão todos disponíveis em setembro, sendo disponibilizados de forma progressiva. A coordenadora explicou que a plataforma tem um grau de complexidade elevado, relacionado quer com a criação de conteúdos, quer com a própria programação.
A título de exemplo, Iolanda Ribeiro mencionou que, apenas para o 1º ano, foram desenhadas 4 mil imagens, concretizadas “centenas de horas de gravações, que foram realizadas por vários atores, mais de 50 vídeos, provas de rastreio, monitorização e atividades multimédia”. Concluiu referindo que “isto não é um manual digital, ou seja, não se trata de passar de manual em papel para um PDF”. No entanto, sublinhou que, “do ponto de vista da sua utilização, a plataforma é particularmente simples.”
A plataforma “Ensinar e Aprender Português” nasceu no Centro de Investigação em Estudos da Criança e no Centro de Investigação em Psicologia, da Universidade do Minho, sendo desenvolvida com a Lusoinfo Multimédia, que comercializa agora a plataforma. Para além disso, o projeto conta com a parceria do Plano Nacional de Leitura, do Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar e do Investigare (Associação para a Investigação em Leitura, Escrita e Neurociências).