Esta investigação está integrada num consórcio mundial que envolve seis redes de investigação dedicada ao estudo do cérebro (ENIGMA).

A academia minhota participa num estudo mundial que tem como objetivo encontrar novas formas de tratamento das seis principais doenças psiquiátricas, conforme anunciado esta terça-feira. A UMinho integra-se numa das seis redes do consórcio.

A investigação descobriu que há alterações do córtex, o tecido que constitui o cérebro, que são comuns às seis principais doenças psiquiátricas. Mudanças que acontecem logo no período pré-natal ou muito precocemente no desenvolvimento da pessoa, refere a academia em comunicado.

A investigação analisou o cérebro de mais de 12 mil pessoas. Os critérios de estudo incluíram o défice de atenção/hiperatividade, autismo, doença bipolar, perturbação depressiva, perturbação obsessivo-compulsiva e esquizofrenia. A equipa nacional conta com a participação de Pedro Morgado e Maria Pico-Perez, da Escola de Medicina da UMinho.

“Com esta descoberta, vamos então conseguir compreender melhor como é que as doenças se estabelecem e como evoluem. Desta forma, podemos encontrar novas formas de as tratar”, explica Pedro Morgado, coordenador da equipa de investigação portuguesa. Citado no comunicado, o responsável acrescenta ainda que a equipa de investigação tem tentado reduzir os sintomas de doenças completamente estabelecidas do ponto de vista cerebral.

Além disso, “se for possível conhecer as alterações cerebrais, é possível intervir mais cedo. O nosso objetivo é um dia conseguirmos prevenir o aparecimento das principais doenças psiquiátricas. Isto porque identificamos as pessoas que têm essas alterações cerebrais e implementamos técnicas que as possam reverter ou que possam evitar que a doença se expresse”, sublinha.

O trabalho analisou o funcionamento de 34 regiões do cérebro, tendo encontrado diferenças a nível da densidade cortical. As pessoas que sofrem das doenças psiquiátricas estudadas apresentam um córtex com menor densidade celular do que as pessoas sem a doença.

“A diferença deve-se a um número mais reduzido de neurónios piramidais. Por outras palavras, são as células que são fundamentais para a comunicação entre diferentes regiões cerebrais e que estão envolvidas no processamento das informações dos sentidos, no controlo dos movimentos, na geração de emoções e nos processos de tomada de decisão”, lê-se em comunicado.