A aniversariante é o mais recente livro do autor sueco Anders Roslund. Publicado em setembro, este livro agarra-nos logo nos seus primeiros instantes. A obra mistura o policial e o thriller com personagens interessantes e, além disso, é envolvida pelo estilo negro nórdico.

Confesso nunca ter lido nenhuma das obras deste autor. No entanto, há qualquer coisa neste género tão visceral que consegue prender o leitor de início a fim. Portanto, quando me deparei com A aniversariante na estante das novidades, não demorei muito tempo a pensar.

A obra consegue prender-nos em poucas páginas. Começando mais no género de um thriller, é-nos dado a conhecer um caso de homicídio múltiplo de uma família. Desta apenas deixaram uma sobrevivente, uma menina de cinco anos ansiosa pelo seu aniversário, que nunca chega a ser celebrado (mas que acaba por originar o título da obra).

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Passados 17 anos, vemos agora Ewet Grens, polícia responsável pelo caso, já perto da sua reforma, mas obrigado a regressar ao local do crime onde agora ocorrera um furto. Neste retorno, Grens apercebe-se que deixou escapar algo e que talvez o homicida tenha regressado para silenciar a última sobrevivente.

A par desta estória, conhecemos Piet Hoffman, um ex-informador da polícia, que agora o que pretende é ter a vida mais segura e normal possível ao lado da sua família. Contudo, alguém parece insistir em recrutar um último serviço seu (relacionado com tráfico de armas) e perante a recusa matarão a sua família. Ao longo de três dias, Grens e Hoffman têm de unir esforços para salvar inocentes e conseguir ganhar, finalmente, alguma paz.

A estória prende de início a fim e consegue enganar as nossas expectativas em vários momentos. Por vezes julgamos que vamos ter algum descanso, mas rapidamente emerge uma situação de tirar o folgo que só será desenvolvida no capítulo seguinte.

A temática é, também, bastante interessante. Inicialmente julgamos que esta obra será um thriller, depois começa a ganhar algumas feições de policial, no entanto, existe igualmente uma boa porção de crítica social. O efeito de emigrantes, provenientes de cenários de guerra, tem sido um tema relativamente recorrente na literatura nórdica e, desta vez, é traçado de forma crua.

A escrita de Roslund é bastante acessível. As frases são curtas, assim como os capítulos que conseguem quase sempre acabar num cliff-hanger. O género do autor combina bastante bem com as personagens mais densas. Grens e Hoffman são personagens com alguma complexidade psicológica e sentimental, lidam regularmente com batalhas interiores, mas nunca se tornam maçadoras.

O estilo nórdico frio e cru, juntamente com o policial e o thriller fazem uma boa combinação. Esta obra de Anders Roslund tira o fôlego, faz-nos pensar e aborda temas muito interessantes. Pode não ser o melhor deste género, contudo é bastante completo. Assim, torna-se num bom exemplo de um livro que prende, mesmo para quem não goste do género.