Fernão Lopes: O Soldado Desconhecido é a nova aposta da RTP. A minissérie produzida por Hugo Diogo e com Diogo Morgado no papel principal foi gravada em vários pontos do país e fez paragem em Braga, nomeadamente no Mosteiro de Tibães.
A produção conta a história de Fernão Lopes, uma figura pouco conhecida e entre os portugueses, mas com um grande impacto na época. Fernão Lopes pertenceu à expedição a Goa, onde se destacou pela forma como se relacionava com os nativos e pela revolta face ao tratamento que os restantes navegadores portugueses tratavam essas pessoas.
Fernão Lopes foi severamente castigado por tal posição, mas acabou por ser perdoado pelo Papa, que lhe permitiu pedir um desejo, desejo esse que foi o de voltar para a ilha de Santa Helena, um lugar em pleno contacto com a natureza onde havia estado. O ComUM esteve nas gravações no Mosteiro de Tibães, onde conversou com Hugo Diogo e Diogo Morgado.
Pela primeira vez a gravar em Braga, o realizador Hugo Diogo explica que “o Mosteiro de Tibães enquadrou-se no decor” que era necessário para o projeto, pois recria uma feitoria do século XVI e as várias salas do emblemático mosteiro bracarense oferece uma grande diversidade para a narrativa. No caso de Diogo Morgado, o ator que vai interpretar Fernão Lopes afirma que, apesar de não ser a primeira vez que faz algum trabalho em Braga, esta é uma estreia no Mosteiro de Tibães. Revela ainda que este é um sítio que serve de espaço para retratar a história, “tudo o que tenha história ajuda sempre neste tipo de projetos”, revela.
A importância de reavivar a imagem de Fernão Lopes
“Fernão Lopes era já na altura alguém muito à frente do seu tempo”, declara Hugo Diogo, revelando ainda que a forma como pensava, a audácia e a coragem como se relacionava com os nativos, algo que era estritamente proibido na altura. “Os valores que ele representava na altura são os valores que estão em voga neste momento”, remata o realizador.
Segundo Diogo Morgado, Fernão Lopes: O Soldado Desconhecido é uma “história de um homem ligeiramente desconhecido pela maior parte dos portugueses”, talvez por ser um relato de traição à pátria e daí ser mal afamada. Para o ator, “cabe à ficção trazer a público histórias que são incrivelmente interessantes mas não são tão conhecidas da maior parte do público”.
O regresso a Santa Helena
Para Hugo Diogo, Fernão Lopes “é um homem que prefere voltar para o mundo que construiu”. Do mesmo modo, explica que, para Fernão Lopes, a ilha de Santa Helena era como um retiro espiritual, daí o desejo de voltar àquele lugar.
Já Diogo Morgado começa por afirmar que “os lugares mais comuns da humanidade são intemporais” e que “os dilemas que várias pessoas atravessaram ao longo dos tempos, acabam por ser os mesmos que hoje atravessamos”, apenas mudam algumas condicionantes como o tempo, a história ou as situações sociais da altura. Para o artista, a história é interessante pelo facto de Fernão Lopes ser uma personagem que se vê num dilema cultural, por não concordar com a forma de colonização dos portugueses, tendo sido severamente castigado por isso.
As expectativas do alcance do projeto
“Acho que vai correr bastante bem”. É assim que Hugo Diogo prevê o sucesso da minissérie. O produtor explica ainda que um dos motivos será o facto de que já há muito tempo não se vê uma série de género na RTP, nomeadamente na época deste trabalho, o século XVI. Para além do mais, Hugo Diogo afirma que o protagonista, Diogo Morgado, “faz um trabalho muito bom” e que esta é uma história que tem muitas coisas a acontecer, tendo um ritmo muito próprio. “É uma série que tem tudo para correr bem” sublinha.
No que toca à importância de haver uma aposta em séries de época, o realizador revela que “é sempre importante redescobrir heróis portugueses que até à data não são conhecidos”. Na sua opinião, é importante haver histórias para contar, ainda para mais sendo a história de Portugal tão rica em contos. Depois disso, é “encontrar as melhores formas de as produzir”, segundo o mesmo.
“Nós fazemos as coisas o melhor que podemos a contar que tenha uma boa receção, mas isso está sempre fora do nosso controlo”, declara Diogo Morgado. O ator principal explicita ainda que há muitas nuances que ditam o sucesso de um trabalho, desde a plataforma em que é exibido até ao horário. No entanto, refere ainda que “a esperança é sempre que a história faça sentido e agrade ao público”, mas que o objetivo final é que se conte uma história da melhor maneira que se consiga, dentro das condicionantes que o permitem. “Se isso acontecer somos felizes no que tentamos concretizar, se não, ficamos de consciência tranquila porque demos o nosso melhor”, finaliza.
Entrevistas: Marta Lima
Imagem e Edição: Joana Mafalda Gomes
Outubro 19, 2020
[…] Vejam, abaixo, o vídeo da entrevista e leiam a entrevista completa com o realizador Hugo Diogo e o protagonista Diogo Morgado, AQUI. […]