Mulheres ao Poder chegou a Portugal em outubro. O filme conta a história verídica do Movimento de Libertação das Mulheres em 1970, no Reino Unido. Num tom dramático, mas a certo ponto cómico, retrata um dos momentos mais marcantes da revolução feminista, a interrupção do concurso Miss Mundo.

A história é separada em duas narrativas paralelas que se cruzam apenas no final. Uma delas segue as participantes do Miss Mundo, dando especial destaque a Jennifer Hosten (Gugu Mbatha-Raw), representante de Granada. Jovem e cheia de sonhos, ambiciona tornar-se na primeira mulher negra a levar a coroa, de modo a abrir mais portas a meninas como ela. Assim, contra as expectativas da maioria, consegue vencer a favorita do público, Miss Suécia e fazer um marco na história da competição.

Sally Alexander (Keira Knightley), por oposição, junta-se ao Movimento de Libertação das Mulheres para tentar dar um fim ao concurso. Leal aos valores que tanto defende, vai contra os conselhos da mãe e luta pela igualdade de género, com o futuro da filha em mente. Numa entrevista, argumenta que se homens não têm de ter uma certa aparência para serem bem sucedidos, assim devia ser também para as mulheres.

Bob Hope (Greg Kinnear), apresentador do programa, é a incorporação exata de tudo que o Movimento procura combater. Com uma postura arrogante, trata todas as mulheres com quem se cruza como se fossem sua propriedade.

Philippa Lowthorpe estreia-se como realizadora de cinema de modo marcante, mas cauteloso. Alguns detalhes da história verídica são deixados de parte, numa longa-metragem que em vez de seguir uma abordagem crua e real, suaviza um pouco a realidade. Temos como exemplo a cena de encontro entre Sally e Jennifer que, ao contrário do que teria acontecido de verdade, se entendem e conseguem falar calmamente.

Mulheres ao Poder não seria o mesmo sem atrizes de alto nível. Isto é, todas as participantes, desde as personagens mais relevantes às mais secundárias, entregam uma performance natural e bem conseguida, o que cria no espectador uma sensação de proximidade pelas estrelas.

A banda sonora é de destacar. Quando a grande manifestação emerge, no palco do Miss Mundo, surge ao som de uma orquestra sinfónica de grande nível. Os gritos das protestantes acompanham o crescendo da música e ajudam a elevar a emoção da cena.

Apesar da seriedade dos temas que aborda, Mulheres ao Poder apresenta um carácter leve e fácil de ver com toda a família. É sem dúvida uma maneira divertida de aprender sobre o movimento feminista e a importância do mesmo.