O Presidente da Câmara do Porto defende que o ato eleitoral é “uma farsa”. Acredita que os cidadãos não podem ser coniventes com a atitude, uma vez que “desprestigia e descredibiliza a democracia portuguesa”.

António Cunha, ex-reitor da UMinho, foi o nome escolhido pelo PS e pelo PSD para a candidatura à presidência da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N). O único candidato à liderança da comissão recebeu o apoio dos autarcas da região minhota. No entanto, o movimento do independente Rui Moreira, Presidente da Câmara do Porto, defende que o ato eleitoral não passa de “uma farsa”.

Em comunicado, o movimento defende que “participar num ato previamente acertado pelo Bloco Central, em total desconsideração pelos eleitos locais, desprestigia e descredibiliza a democracia portuguesa”. Por esses motivos, pede para os eleitores não ser “coniventes com esta farsa que, sob a capa de uma eleição, encobre uma nomeação”.

Ressalva que “o Porto, o Nosso Movimento nada tem contra o candidato em apreço, que merece todo o nosso respeito”. Contudo, “não aceita que uma nomeação decidida pelo Primeiro-Ministro e pelo líder da oposição seja apelidada de eleição”. Caso o fizessem, acreditam que estariam “a validar esta partidocracia asfixiante, de um país-condado a duas cores, onde os caciques mandam e desmandam a seu bel-prazer”.

Desta forma, mostra-se contra o modelo de eleição, considerando-o um “tique antidemocrático do PS e PSD, que prejudica o desenvolvimento do país e aprofunda a descrença dos cidadãos no sistema democrático”. Para além disso, alerta que o sucedido apenas “deixa a descoberto” que “o Bloco Central, nesta sua tentativa de monopolização da democracia, está a feri-la de morte!”.

O movimento não aceita que a substituição do atual Presidente da CCDR-N, Freire de Sousa, se baseie numa eventual incompatibilidade com a sua mulher, Elisa Ferreira. “Esse escrutínio já foi feito e recusado pelo Parlamento Europeu, aquando da nomeação de Elisa Ferreira, comissária europeia com a pasta da Coesão e Reformas”.

Desta forma, crê que o motivo da “sua saída neste período, a um ano das eleições autárquicas, se insere num plano delineado pelo Bloco Central”. Para além disso, deixa uma palavra de apoio a Freire de Sousa, por nunca ter deixado “de defender de forma corajosa os interesses do Norte, tendo igualmente conseguido equilibrar os interesses das nossas sub-regiões”.

A associação reforça a urgência, aponta assim o final da execução do Portugal 2020, a necessidade de programar um novo quadro e ainda “a dita bazuca” europeia comunitária. Desta forma, considera “imperativo” que a utilização dos fundos seja acelerada de forma estratégica, inteligente, adequando-a às reais necessidades e anseios da região “mais exportadora do país e a que mais cresce em convergência com a Europa”.

Sendo assim, questiona: “os autarcas chamados a votar no próximo dia 13 vão eleger um nome para cinco anos, a um ano de terminar os seus mandatos. Não é esta uma forma de condicionar os futuros eleitos locais numa escolha em que não vão participar?”.

Além das questões já abordadas, o “Nosso Movimento” explica que “as CCDR são entidades cujos parceiros de trabalho são muito transversais”. Deste modo, crê “que um colégio eleitoral reduzido a eleitos locais, deixando de fora muitos outros interlocutores de relevo como, por exemplo, a academia ou associações empresariais, se traduza de facto numa decisão da Região”.

Terminam afirmando que “este é um processo inquinado do início ao fim”. “Os mesmos que elaboraram e aprovaram a Lei que define o colégio eleitoral definiram com anterioridade o candidato e os acordos que levam à sua “eleição”. E – pasme-se! – o candidato pode depois vir a ser destituído por decisão de quem fez a Lei e não por quem o elegeu”, lê-se no comunicado.