“Orca” é o segundo álbum de estúdio do cantor norte-americano Gus Dapperton. Lançado a 18 de setembro, é composto por dez músicas que vão para lá do seu estilo de bedroom pop inicial. Além disso, o artista encara o projeto como a libertação dos seus sentimentos.

Grande parte do percurso de Gus está associada à série de sucesso “13 Reasons Why”, mas são poucos aqueles que conhecem o universo musical único do mesmo. O cantor ficou recentemente viral na rede social “TikTok”, fruto da colaboração com BENEE do hit “Supalonely”. A música conta com mais de 400 mil streams no Spotify, um número recorde na carreira do músico.

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Com novas influências de indie-rock aliciadas a temas tão pessoais para Gus, este quer contar o que sentiu e, consequentemente, reprimiu durante as suas tournées. Acima disso, pretende também mostrar o estado emocional degradado com que ficou.

A vulnerabilidade e a força presentes para falar sobre lutas contra depressão, solidão e ansiedade criaram letras sentidas e carregadas de emoção. O intérprete canta como se colocasse o ouvinte numa posição de amigo próximo ou confidente – “Sorry about my head”.  Desde o início, percebemos que é um álbum bastante emotivo.

 “First Aid”, o segundo track do álbum é, sem dúvida, o melhor e um must para ouvir. Relembra a músicas de banda de garagem indie dos anos 2000. É envolvente nos rifts de guitarra e com ritmo marcado da bateria. Também conta com a colaboração da irmã, que eleva a faixa ainda mais.

Infelizmente nenhuma música restante consegue atingir o nível da anterior. Sendo logo a segunda, as restantes não sobressaem de todo e a comparação é inevitável. Quer isto dizer, quando comparadas a músicas dentro do mesmo estilo são banais e não trazem nada de novo em si. Dão a sensação de já se ter ouvido em algum lugar antes.

Apesar de um bom tema e de um estilo musical ótimo, Gus Dapperton deixou algo a desejar neste projeto. Os vocais característicos do artista e os grunhidos, funcionariam melhor com um estilo mais rock, instrumental e liricamente falando. No entanto, as músicas em si acabam por cair um pouco no esquecimento pela falta de inovação e requinte.

Orca assemelha-se mais a um projeto experimental do que um álbum terminado e pensado. Gus Dapperton precisava, talvez, de mais tempo para se acostumar a um novo estilo musical. Com o objetivo de libertar os sentimentos, acabou por os deixar a meio.