The Boys in the Band foi lançado na Netflix, no dia 30 de setembro de 2020. O filme, que é uma adaptação de um musical do mesmo título de 1968, tem como diretor Joe Mantello. Esta versão é a segunda vez que a peça é trazida para um formato fílmico, sendo que a primeira foi em 1970.

A trama tem lugar em Manhattan, nos anos 60. Um grupo de amigos homossexuais reúne-se para celebrar o aniversário de um deles. Tudo parece correr bem até que um colega dos tempos de universidade de um dos amigos aparece na festa.

O homem, heterossexual, rapidamente se mostra adverso ao ajuntamento gay com que se depara. O desconforto é aumentado uma vez que o grupo de amigos rejeita a sua presença da mesma forma que ele os rejeita a eles. Esta situação é incrivelmente realista e está apresentada muito bem, fazendo com que o espectador sinta o desconforto sentido naquele momento.

A ação decorre, quase na totalidade, num apartamento, o que torna esta pelicula relativamente simplista. No entanto, deste modo, foi possível focar a atenção da produção no desenvolvimento das personagens. Principalmente porque o filme se apoia num total reduzido de 9 personagens, onde ninguém serve de “personagem-tipo”. Nota-se que houve imenso trabalho em criar seres conscientes e únicos. Ao invés de pessoas simples que dizem a fala certa no momento certo para ir de encontro ao enredo do filme, estas parecem ser pessoas espontâneas.

A cultura gay pré-pandemia de HIV dos anos 80, em Nova Iorque, e homofobia são os temas que temos em grande plano. No entanto, assuntos como racismo dentro da própria comunidade gay, alcoolismo, promiscuidade e prostituição são também trabalhados com grande cuidado.

Este elenco conta com a participação de estrelas de renome e de grande talento. Jim Parsons, Matt Bommer e Zachary Quinto são alguns dos atores que dão vida a estes homens. O trabalho de atores da mais alta qualidade contribui imenso para o desempenho das cenas desta longa-metragem, uma vez que, certos momentos, rapidamente caíam no “ridículo” caso fossem mal interpretados. Isto seria mais visível na personagem Emory (Robin de Jesús), já que se trata de um alívio cómico, mas que é feito com excelente gosto pelo calão próprio de membros da comunidade, particularmente da época.

Em termos mais técnicos, o cenário, apesar de limitado, é muito próprio do contemporâneo à trama e está muito bem executado. Qualquer pessoa se identifica com a ideia de participar numa festa num apartamento de estúdio em Manhattan e assim, qualquer um facilmente se transporta para aquela realidade. O guarda-roupa é outro elemento que leva o público numa viagem no tempo e serve para caracterizar os atores para uma versão realista daquilo que seriam estas personagens fisicamente.

O enredo que se observa a desenvolver e desabrochar, apesar de relativamente monótono, é um dos melhores do ano. Excelente conceito, execução e por isso, temos um momento perfeito de aclamação.