Este domingo, dia 1 de novembro, celebra-se o Dia Mundial do Veganismo. Ao contrário da visão de muita gente, o ser vegan vai muito além de uma dieta.
O veganismo é um estilo de vida, uma maneira de ser e estar, uma forma diferente de ver o mundo e todos os seus habitantes. É não contribuir para a exploração e morte de animais, dentro da medida do possível e praticável. É não comer carne, peixe, mel, ovos e lacticínios. É não comprar produtos testados em animais, não assistir a espetáculos com animais e não usar roupa com lã, seda, penas, couro, pele e pelo. É ter compaixão por todos os animais, independentemente da espécie. É viver de acordo com os nossos ideais e, acima de tudo, viver e deixar viver.
Mas ser vegan não tem só coisas boas. Ouvimos frequentemente as típicas perguntas “E a proteína?” ou “E a vitamina B12?” como se o mamífero mais forte do mundo, o Gorila, não se alimentasse de plantas ou os animais da indústria pecuária não recebessem injeções dessa vitamina. Somos chamados de extremistas, fundamentalistas e até terroristas. Somos olhados como se fossemos um ser de outro planeta (e se calhar até somos!) só porque escolhemos não contribuir para a exploração animal. Deixamos de receber convites de amigos e familiares para festas, almoços e jantares, porque não comemos o mesmo que eles e “assim é difícil”. Ouvimos frequentemente as perguntas “Mas afinal o quê que comes?”, “E atum, não?”, “Nem ovos?” e deixamos de receber prendas porque não sabiam o que nos dar.
Somos alvos de gozo, somos desrespeitados e olhados como se fossemos “maluquinhos”. Sofremos enquanto vemos pessoas próximas a comer animais, ao mesmo tempo que fazem festas ao cão ou ao gato, incapazes de fazer a conexão. Temos sempre receio em comer em restaurantes que não são 100% vegetarianos, porque corremos sempre o risco de usarem produtos com ingredientes de origem animal sem saberem. Somos acusados de ameaçar o estilo de vida das pessoas, de ameaçar postos de trabalho, mas lá no fundo talvez as pessoas saibam que temos razão e que estamos a fazer o correto, mas estão tão habituadas ao “normal” e ao “padrão” que não conseguem ver além disso.
Dizem que ser vegan é um estilo de vida limitado, principalmente no que toca à alimentação. No entanto, enquanto a maioria das pessoas come carne de vaca, porco, galinha, peru ou peixe, nós comemos grão de bico, feijão preto, feijão vermelho, feijão branco, feijão manteiga, lentilhas, tofu, seitan, tempeh, soja, quinoa ou aveia. Comemos hambúrgueres, nuggets, almôndegas, francesinhas, bifes, queijo, fiambre, bacon, iogurtes e vários produtos de origem vegetal, sem sofrimento, sem crueldade e sem mortes. Conseguimos comprar produtos que não são testados em animais cada vez mais facilmente e há cada vez mais marcas a tornarem-se cruelty free (livres de crueldade). E para comprar roupa? Fácil! Basta olhar para a etiqueta.
Charles Darwin diz que “não há diferença fundamental entre o homem e os animais em sua capacidade de sentir prazer e dor, felicidade e miséria”. Crescemos a achar que temos de comer carne para sermos fortes, mas vemos desenhos animados em que o Popeye ganha músculos a comer espinafres. Compramos casacos de pele, mas odiamos a Cruella de Vil por ter roubado os dálmatas. Choramos quando a mãe do Bambi morreu, mas continuamos a apoiar a caça. Defendemos com unhas e dentes os cães e os gatos, mas deixamos que sejam usados em testes de cosmética, tabaco e outros. Sofremos quando o Nemo foi colocado num aquário, mas continuamos a comprar peixes como se fossem decoração. E a história triste do Dumbo no circo? Mas continuamos a ir a espetáculos com animais.
Quando é que vamos alinhar o que sentimos ao que fazemos? Ser vegan é cada vez mais fácil. É libertador, é viver em paz, é ter a mente e o corpo alinhado, é ser amigo dos animais (e do planeta também). Ser vegan é ser compassivo, é ser tolerante. Sejam a mudança que querem ver no mundo. Tratem os outros (humanos e não humanos) com o respeito com que gostariam de ser tratados. De que estão à espera?