O aluno de Direito afirma que é necessário envolver os estudantes, de forma a que estes percebam o trabalho do Conselho Fiscal e Jurisdicional.
O candidato da lista C ao Conselho Fiscal e Jurisdicional (CFJ) da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM), Afonso Silva, esteve à conversa com o ComUM. O aluno de Direito falou sobre os objetivos da lista C, do alheamento dos estudantes face ao respetivo órgão e ainda sobre a abstenção.
ComUM- O que o levou a avançar com a candidatura ao Conselho Fiscal e Jurisdicional?
Afonso Silva – Enquanto lista, temos uma visão de maior proximidade com os estudantes e de uma maior autonomia e força institucional desse órgão. No fundo, o que pretendemos é uma valorização do Conselho Fiscal e Jurisdicional no contexto académico, daí termo-nos dedicado a esse desafio, construindo uma lista de confiança, séria e estruturada, que fosse ao encontro do que muitos colegas pensam. O nosso objetivo é expormos esta nossa visão e tentarmos mobilizar os estudantes em torno dela, para conseguirmos, acima de tudo, eleger a maioria dos representantes no Conselho Fiscal e Jurisdicional no dia 2 de dezembro.
ComUM- Em que é que a lista C se diferencia do executivo atual? Acha que por estar a concorrer contra o presidente deste ano lhe dá mais ou menos hipóteses?
Afonso Silva – Nós assumimo-nos como uma lista com uma visão alternativa às restantes, que respeitamos, mas da qual discordamos. O que acontece é que eles têm uma visão de um CFJ mais submissa à direção, mais fechada à academia e com um menor foco na imparcialidade. Nós respondemos com uma apresentação de uma alternativa em que os estudantes podem confiar, que é séria e estruturada, que tem o objetivo de colmatar essas falhas e de se assumir como uma lista que pode perfeitamente vencer essas eleições e pode representar, com a máxima confiança, os estudantes durante este mandato.
Quanto à segunda parte da pergunta, nós acreditamos que os estudantes querem renovação, neste momento, porque temos noção que a maioria se sente alheada do Conselho Fiscal e Jurisdicional, com um órgão que não tem, historicamente, nem teve neste mandato particularmente, uma proximidade com os estudantes. Os alunos não se sentem representados por este Conselho, portanto, acreditamos que querem uma renovação, uma maior abertura, no fundo querem um CFJ que verdadeiramente represente os seus interesses.
ComUM – No seu anúncio de candidatura declara-se independente e diz acreditar “que só pela isenção podemos chegar ao mais honesto escrutínio da atividade da Direção”. Há alguma mensagem subliminar por trás?
Afonso Silva – [Risos] Nós não estamos aqui para levantar ataques nem para fazer colagens de uma lista à outra, mas aquilo que existe neste momento é um apoio público e uma identidade comum entre a nossa lista concorrente e uma das listas à direção. E isso choca com a nossa visão daquilo que deve ser o CFJ, porque estamos aqui a falar, e relembro, do órgão que vai fiscalizar durante o mandato a atuação da direção, independentemente da lista que ganhe as eleições neste ano. Portanto, neste sentido, aquilo que queremos esclarecer é que o projeto para a lista C é independente de qualquer outro. Nós conhecemos as outras listas ao mesmo tempo que todos os estudantes, quer para a direção quer para a mesa geral de alunos. Portanto, nós não temos qualquer tipo de interação com elas, o que não invalida que depois, quando formos eleitos e tivermos a maioria para o Conselho Fiscal e Jurisdicional, não tenhamos a máxima cooperação democrática com os outros órgãos. Nós estamos aqui para olhar para cada situação e para a atuação da direção ao longo do ano com a mesma imparcialidade, com o mesmo olhar crítico e representando totalmente a visão dos estudantes.
ComUM – Como disse na sua apresentação da candidatura, o vosso objetivo é “combater o alheamento dos estudantes em relação às suas entidades representativas”. Como pretendem fazer isso?
Afonso Silva – Acreditamos que essa nossa missão já está em curso desde o momento em que anunciamos a nossa candidatura. Começamos a tentar mobilizar os estudantes em torno da nossa lista, para que conhecessem os nossos objetivos gerais, a nossa missão e também para que conhecessem o órgão a que nos candidatamos. Neste período pré-campanha, temos feito algumas publicações nas redes sociais para os estudantes estarem mais por dentro daquilo que é o processo eleitoral e no processo especificamente do CFJ. Também no período eleitoral continuaremos com essa tentativa e, depois das eleições e de tomarmos posse, acreditamos que é possível haver uma maior proximidade do Conselho Fiscal com os estudantes ao longo do mandato, quer haja alguns momentos de auscultação dos estudantes, quer haja uma maior preocupação em ouvir algumas das reivindicações associadas a determinadas questões que estejam em causa e que nós, enquanto Conselho Fiscal, teremos de avaliar, e também uma maior exposição pública daquilo que é a nossa atuação. Infelizmente tem falhado e é algo que os estudantes não têm tido muita facilidade de acesso.
ComUM – A um nível mais geral, o que tencionam fazer, caso ganhem?
Afonso Silva – Defender aquilo que são os nossos objetivos gerais e a nossa visão e a nossa missão comum para o CFJ. Garantir uma maior proximidade com os estudantes, fazer com que os estudantes conheçam o nosso trabalho e uma maior tentativa de os ouvir. Nós queremos ser a voz estudantil durante o mandato na avaliação da atuação da direção da AAUM, com consciência e com sentido institucional e sem populismos. Portanto, neste sentido de haver uma maior abertura, renovação, de uma maior representação e, claro, de uma maior autonomia, que não é uma autonomia que tente obstruir a atividade dos outros órgãos, mas que tenha um olhar crítico e que defenda, acima de tudo, os interesses dos estudantes.
ComUM – Relativamente aos elevados níveis de abstenção que se verificam todos os anos, acha que este ano essa tendência se vai manter? Que razões consegue apontar para isto?
Afonso Silva – Nós acreditamos que este ano existe um interesse dos estudantes mais acentuado em relação a estas eleições. Primeiro, porque existem listas concorrentes para todos os órgãos, o que faz com que os estudantes tenham mais interesse na própria eleição. Por outro lado, vai ser o primeiro ano da implementação do E-VotUM, portanto há de ser um ano crítico na avaliação daquilo que vai ser o ritmo da abstenção nos próximos anos. Nós acreditamos que a abstenção poderá diminuir por causa desses motivos. Da nossa parte, o que nós temos feito é focarmo-nos exatamente nisso. Portanto, neste sentido seria uma vitória para a lista C que a abstenção fosse a menor de sempre e é para isso que também estamos a tentar trabalhar, especificamente também na eleição do Conselho Fiscal e Jurisdicional, que acaba por ter um menor foco.
ComUM – O que se pode fazer em relação a este problema?
Afonso Silva – Eu acredito que cada lista, no período pré-campanha e também no período de campanha eleitoral, tem o dever não só de expor as próprias bandeiras, mas combater o alheamento dos estudantes no geral. Portanto, acreditamos que é possível que a luta contra a abstenção deva ser um objetivo comum e de união entre todas as listas. Mas, para isso, é preciso que haja um trabalho de informação e de combate nesse sentido. Por exemplo, a lista C fez uma publicação em relação à questão dos cadernos eleitorais, para cada estudante verificar se o seu nome está incluído nesse caderno porque, não estando, não tinham possibilidade de votar. No fundo, acreditamos que são essas pequenas iniciativas que acabam por ter importância.
ComUM – Ainda sobre a abstenção nestas eleições, o voto eletrónico foi aprovado. Acha que, desta forma, mais alunos se sentirão motivados a votar?
Afonso Silva – Acreditamos que sim e que isso, aliado com o interesse que os estudantes estão a demonstrar relativamente a estas eleições, pode fazer com que os estudantes se sintam mais motivados a ir votar. Principalmente este ano porque, não havendo essa plataforma eletrónica e tendo em conta as restrições relacionadas com a pandemia, teriam certamente uma participação muito reduzida nestas eleições. Portanto, é de saudar a introdução desta plataforma.
Artigo por: Mariana Festa e Maria Sá