As Bruxas, um dos maiores clássicos de Halloween, foi lançado no dia 25 de maio de 1990. O filme de Nicolas Roeg junta fantasia obscura a histórias infantis e um charme próprio dos anos 90.
As Bruxas é baseado no romance infantil de mesmo nome que foi escrito por Roald Dahl e publicado em 1983. Luke (Jasen Fisher) é uma criança que toda a vida ouviu a avó (Mai Zetterling) a contar histórias sobre as obscuras e perigosas criaturas que são as bruxas. Depois da morte dos pais de Luke, ele e a avó decidem ir passar férias a um hotel para que possam descansar.
Por coincidência do destino, nesse mesmo hotel está a decorrer a convenção anual de bruxas britânicas. No edifício reúnem-se todas as bruxas de Inglaterra para ouvir as palavras de sabedoria e ordem da Bruxa Suprema (Anjelica Huston), líder de todas as bruxas do mundo. Depois de se mostrar insatisfeita com o desempenho das bruxas no objetivo coletivo de eliminar todas as crianças do mundo, a Bruxa Suprema decide intervir.
A avó, Luke e Bruno, um amigo recém-adquirido, juntam-se para travar as bruxas na missão. Esta aventura agrava-se porque têm de o fazer sem revelar o segredo de que bruxas realmente existem. Os funcionários do hotel e o seu gerente, Sr. Stringer (Rowan Atkinson), surgem apenas como obstáculos à trama principal.
O conceito do filme rapidamente se torna claro, devido à longa e complexa introdução. Nesta parte do filme, o público ouve algumas das histórias que a avó conta a Luke e é aqui que somos apresentados aos vários conceitos necessários para a compreensão da película. Uma vez que As Bruxas é um projeto direcionado a crianças, é compreensível uma parte dedicada à explicação deste tipo de conceitos.
O próprio texto e direção das cenas são explicados pelo mesmo motivo. A perceção dos acontecimentos por parte de um público alvo infantil é um ponto definitivo neste tipo de filmes. No entanto, a referência à morte (e a outros assuntos não necessariamente inocentes) está presente em vários momentos.
Naquilo que toca à execução do projeto, o filme fica aquém daquilo se espera atualmente. Os efeitos especiais são rudimentares, os diálogos são toscos e o seguimento lógico das cenas é, no melhor dos casos básico e previsível. Alguns dos atores, mesmo os mais experientes, parecem ter tido dificuldade em adaptar o seu estilo ao argumento.
Tudo isto é atirado janela fora quando a Bruxa Suprema está presente. Todo o orçamento da trama parece ter sido investido na caracterização de Anjelica Huston para o papel. A melhor cena do filme é, indisputavelmente, o momento em que as bruxas se reúnem e ouvem o discurso da líder. O vestido que a atriz usa, a peruca, o sotaque e a posterior transformação num ser repugnante e assustador, simplesmente, admirável.
Na sua essência, As Bruxas não é incrível, mas tem uma quantidade substancial de elementos excelentes que, completados pelo charme dos anos 90, o definem como um clássico. Este ano o livro foi alvo de mais uma adaptação por Robert Zemeckis. O novo filme, As Bruxas de Roald Dahl, saiu nos filmes portugueses a 29 de outubro de 2020.