O evento foi organizado pelo Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS) da Universidade do Minho.

A relevância da televisão na sociedade foi o tema do debate que ocorreu este sábado na plataforma do Facebook do Communitas. O evento contou com a presença de Júlio Isidro, apresentador português, Daniel Catalão, jornalista da RTP e Felisbela Lopes, investigadora especialista em estudos televisivos. A iniciativa veio assinalar o Dia Mundial da Televisão e contou com a moderação de Luís António Santos, professor da Universidade do Minho e investigador no Centro de Estudos em Comunicação e Sociedade (CECS).

O debate arrancou com a pergunta “o que é hoje a televisão?”. A isto, Júlio Isidro respondeu que “a televisão é um eletrodoméstico em vias de extinção”. “O fascínio pela televisão fazia com que as pessoas se reunissem em torno dela, sem critério algum”. Atualmente, “a televisão que reúne as pessoas é a da praça para ver um jogo de futebol, ou seja, em casos muito especiais”, explicitou.

O apresentador sublinhou a ideia de que “agora, um programa passa a ser bom em função dos números”. “A televisão tem feito tudo o que é possível para render em termos comerciais. Isto significa que o dinheiro se sobrepõe às premissas dadas ao povo”, explicou.

Em relação aos formatos dos programas portugueses, o ex-apresentador do “O passeio dos Alegres” mostrou-se muito cioso da criatividade portuguesa. “Eu nasci a ver os pioneiros da televisão (portuguesa) a inventar programas. No entanto, Júlio Isidro confessou que  atualmente vê muitos gerentes a quererem comprar formatos do estrangeiro. “Estamos a formatar-nos uns aos outros, de uma forma quase ditatorial”, reconheceu.

Felisbela Lopes deparou-se com a questão do aparecimento dos canais privados nos anos 90 e a consequente promessa de maior diversidade e escolha de canais. A investigadora afirmou que tal aconteceu com o “aparecimento da SIC em 92, que trouxe o jornalismo do contrapoder. Assim como, quando a TVI estreou um formato que se tornou uma mini grelha (BigBrother)”. No entanto, explicou que tal, tornou os serões televisivos monótonos. Acrescentou ainda que com os jovens e as tecnologias, os consumos se alteraram de forma radical. Mas, acredita que a televisão “ainda está aqui para durar algum tempo”.

Daniel Catalão respondeu à pergunta: “a televisão generalista está em vias de extinção ou não?”. O jornalista da RTP destacou então a revolução do “time shift” que veio permitir ao espectador ver um programa a qualquer momento e a evolução tecnológica. “Hoje quem compra televisores, compra um computador e tão rapidamente está a ver nos canais da box, como está ligado ao youtube”. No entanto, explicou que a televisão continua a dar estatuto e credibilização de algumas figuras. “Apesar de ter perdido carisma, estar na televisão continua a ser um ponto alto na vida das pessoas”, concluiu.

Para finalizar, Luís António Santos questionou se a televisão antes da pandemia já daria uma resposta “ao país que somos”, à diversidade que temos ou se o momento atual ajudou a fazer uma aproximação entre as pessoas e a televisão. Felisbela Lopes afirmou que “a televisão que tivemos e temos não representa aquilo que somos” e lançou o desafio de “ir atrás das pessoas que não estão a ver televisão”. Daniel Catalão revelou a sua preocupação com a literacia mediática e o público jovem, principalmente aquele que está a estudar comunicação. Júlio Isidro declarou que “o jornalismo se baseia no passado, no presente e se projeta no futuro”. “Acredito que as televisões continuam a debater os verdadeiros valores da liberdade, com boa informação”, concluiu.