Quando a televisão apareceu na história da humanidade, revelou-se num enorme fenómeno mundial. Desde então, a caixa mágica, como lhe chamavam, permanece ainda como uma grande amiga das casas portuguesas. Ou nas salas, nas cozinhas ou nos quartos, é habitual encontrarmos nos diversos lares as mais diversificadas televisões. Maiores, menores, mais finas, a cores, penduradas nas paredes ou apoiadas em móveis, estes aparelhos continuam a ser um dos companheiros mais fiéis dos demais.

Este sábado, dia 21 de novembro, celebra-se o Dia Mundial da Televisão. Comemora-se a filosofia que representa e não o aparelho que é. No nosso país a televisão chegou em 1957, a preto e branco, e 18 anos depois surgiu a primeira emissão a cores. Com esta, Portugal recheou-se e reveste-se de programas, talentos e públicos, de cultura, conhecimentos e aprendizagens. Este ano, para lembrar e fixar os tesouros televisivos, o ComUM sugere alguns dos programas portugueses que ficam e ficarão para sempre na memória daquilo que é a nossa televisão.

Os Malucos do Riso (1995-2010) – É um clássico da televisão que os portugueses adoraram e repetiriam até ao final das suas vidas. Ao longo de 29 temporadas, emitidas entre 1995 e 2010, diversos atores mergulharam em cenários extremamente engraçados com as personagens mais caricatas que já se viu nos ecrãs de Portugal. Durante os 30 minutos em que o episódio estava no ar, o país não conseguia parar de rir com as incríveis dramatizações de anedotas populares, fosse sobre loiras ou freiras, sobre alentejanos ou maridos. Todas as piadas tinham lugar neste programa repleto de diversão e entretenimento. O lema era “nunca parar de rir.” Frases como: “Se eu me enervo … Bum!”, “importado diretamente da Tailândia”, “Quer um produto químico, natural ou assim-assim?”, “Bom e barato, só no Barata” ficaram para sempre no coração dos portugueses e vão alegrar sempre as memórias no futuro.

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Contra-Informação (1996-2010) Da autoria das Produções Fictícias, de Rui Cardoso Martins, de José de Pina e de Filipe Homem Fonseca, a Contra-Informação correspondia a, nada mais nada menos, do que um programa de sátira política. De 1996 a 2010, as marionetas ocuparam 30 minutos do quotidiano português. Além de levarem a valentes gargalhadas, permitiram estimular o pensamento crítico e o debate público sobre a democracia portuguesa. Antes de terminar, relembro o conselho da RTP: “E não se esqueça: qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência… ou mais ou menos”. Na eventualidade de um regresso, esperava-se que não se emprega-se o hífen. No entanto, segundo avançado, o programa irá regressar e sobre o nome Ser do Contra.

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Gato Fedorento (2003-2009) Um programa humorístico composto por José Diogo Quintela, Ricardo Araújo Pereira, Tiago Dores e Miguel Góis. As suas carreiras começaram em stand up comedy e depois, juntaram-se para fazer um programa sensacional. Este projeto começou em abril de 2003, quando se juntaram para criar um blogue na Internet. Mais tarde, tornou-se um dos programas mais emblemáticos da história dos programas televisivos portugueses. O quarteto, com as suas piadas sem igual, não podia ter sido melhor.

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O Prédio do Vasco (2004-2005) – A série cómica portuguesa passou no canal generalista TVI em 2004 e 2005 e continua em exibição desde 2012 na TVI Ficção. Ricardo Castro (porteiro Vasco) interpretou o protagonista desta série que marcou gerações. A história passava-se num prédio de Lisboa, onde o Vasco era o porteiro e contava as aventuras que este vivia nessa profissão. As intrigas entre os moradores, as cusquices das vizinhas mais velhas em relação aos mais novos, e o fiel amigo papagaio. Entre muita comédia, eram também apontadas críticas à sociedade portuguesa que nem sempre eram recebidas de “ânimo leve”, especialmente a ligação de um humano a um animal, sendo visto como algo anormal.

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O Bando dos Quatro (2006-2007) – O programa destaca-se como uma das mais célebres séries infanto-juvenis da televisão portuguesa. A série trata-se, na realidade, de uma adaptação da coleção literária de João Aguiar, contudo, o grande êxito do seu título ocorreu no ecrã. Os telespectadores mais novos e até mesmo os mais graúdos acompanhavam, semanalmente, as inúmeras aventuras de um grupo de quatro jovens curiosos, que se juntavam para solucionar os mais diversos mistérios, na pequena Vila Rica. O Bando dos Quatro estreou em 2006, contando com 27 episódios. Em todos eles, assistamos à cativante jornada das investigações dos audazes irmãos Carlos e Álvaro e dos dois amigos Catarina e Federico, sempre com o auxílio do Tio João, um avultado instruído em cultura e história. Para além das peripécias originais e perigosas, que deixavam o público pré-adolescente em absoluto êxtase, a série debatia ainda tópicos relevantes e educativos, como a união, a amizade e a perseverança.

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Aqui Não Há Quem Viva (2006-2008) – É uma série de comédia portuguesa que foi transmitida na SIC. O programa retrata a vida e a dinâmica dos moradores de um prédio em Campo de Ourique. A história começa assim que um casal jovem, Cristina e Rui, se mudam para o condomínio, despoletando diversas reações entre os antigos inquilinos. As outras personagens apresentam, em forma de ironia e comédia, uma descrição da sociedade portuguesa, desde as “beatas coscuvilheiras” ao porteiro desastrado. É uma ótima aposta para ver em família e rir às gargalhadas num domingo à noite.

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Salve-se Quem Puder (2009-2010) – Mais conhecido por “Soltem a parede”, o programa só esteve no ar durante dois anos. No entanto, para uma geração marcava a época de calor. As regras do game show apresentado por Marco Horácio e Diana Chaves eram simples: duas equipas que tentam atravessar paredes recortadas, imitando o recorte com o corpo sem partir a parede ou cair na piscina atrás de si. O programa trouxe consigo várias modas, personagens e frases que ainda hoje nos ecoam na cabeça. Entre estas relembremos raps Freestyle de Marco Horácio, a música Rebolation e a frase “És um pão” gritada pelo Douradinhos, o juiz do programa.

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O Último a Sair (2011)O Último a Sair correspondeu a uma série de comédia baseada na construção de uma narrativa sobre outra narrativa. Calma, não há motivos para confusões com a premissa anterior. Genericamente, significa que o programa partiu dos reality shows e recriou, exageradamente, as vivências de 13 portugueses fechados numa casa durante 90 dias, seguidos por “24 câmaras durante 24 horas por dia”. Por comparação, correspondeu a uma replicação de como é que nós, autênticos bichos, nos mexemos. O programa foi criado por Bruno Nogueira, Frederico Pombares e João Quadros. E, por entre um misto de guião e improviso, contamos com o Lorde Rui Unas, a eterna Floribela, Luciana Abreu, e o nosso Batatinha, António Branco, entre muitos outros.

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A Família Mata (2011-2012) – A trama da história começa quando Artur da Mata (José Pedro Gomes) utiliza os 100 mil euros destinados à compra do apartamento da filha, numa aquisição de um armazém velho. Sem planos realistas para o armazém, em todos os episódios, o barracão tem uma função diferente para os mais variados ramos do negócio, desde uma construtora civil até uma funerária. Escusado será dizer que todos eles correm mal, mas Artur não tem problemas com isso, porque sempre que pode, rege-se pelo lema da família: enganar. O elenco conta também com a presença de Rita Blanco, Marco Horácio, Maria João Abreu e Octávio Matos como personagens recorrentes, que trazem personalidades bem características desta família. Com apenas duas temporadas, a série de comédia da SIC prendeu os telespetadores, oferecendo-lhes entretenimento com uma boa dose de asneiras e artimanhas.

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Inspetor Max (2004-2019) –  A série policial de Virgílio Castelo conta-nos a história de um cão chamado Max. O pastor alemão foi encontrado pelos filhos do inspetor Jorge Mendes da Polícia Judiciária de Setúbal (Fernando Luís). Ao longo de 143 episódios transmitidos na TVI, conhecemos e desvendamos vários crimes com Jorge, o seu ajudante Sérgio Calado (Rui Santos) e Max que se revela, não só um excelente amigo, mas também o melhor e mais inesperado polícia.

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Desliga a Televisão (2019-) – O programa é tudo o que se quer de uma série atual. Tem episódios relativamente curtos, fáceis de ver e não tem grande continuidade do enredo. Na essência, “Apaga a Televisão” é um programa de paródia da televisão portuguesa. Cada episódio conta com vários momentos diferentes que representam programas-tipo. Telejornal, novela do horário nobre, programas da manhã e reality-show servem para pôr o entretenimento e informação atual em perspetiva. O elenco está recheado dos atores de mais alto calibre que Portugal tem para oferecer.

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Artigo por: Bruna Sousa, Ana Francisca Mora, Francisca Graça, Ilda Lima, João Ângelo, João da Silva, Lara Duarte, Leonor Alhinho e Maria Francisco Pereira