Kylie Minogue lançou dia 6 de novembro o 15º álbum de estúdio numa carreira de 33 anos, DISCO. Depois do último trabalho, Golden, que toca em tons mais influenciados por country, Kylie Minogue volta ao som por que é reconhecida – o disco. Como o título indica, o projeto segue a tendência de reanimação do género em 2020.

Alguns dos álbuns mais aclamados do ano são Future Nostalgia de Dua Lipa, After Hours de The Weeknd e Chromatica de Lady Gaga, todos obras que trabalham de alguma forma com o disco e dance music. Em plena renascença deste estilo musical, a australiana não poderia ter escolhido melhor altura para regressar às bases do sucesso e reconhecimento que possui.

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No que toca à produção de DISCO, é impossível dizer que o álbum está mal concebido. A estética sonora e conceito estão completamente realizados e fazem-se sentir em exatamente todas as faixas. O baixo, o bater de palmas rítmico, os sons sintéticos e as cordas juntam-se para levar o ouvinte diretamente para um concerto da Donna Summer com participação especial dos ABBA em 1975.

A coesão do álbum é tanto o ponto positivo como negativo. A sensação de repetição e falta de variedade de intensidade é um problema sentido nas primeiras sessões a ouvir DISCO. No entanto, apesar de ser verificado, este aspeto não é exagerado. Com apenas 12 músicas e cerca de 40 minutos de reprodução, é um trabalho pouco saturante.

Por outro lado, o conteúdo do álbum enquanto mensagem é objetivamente repetitivo. Parece que são 40 minutos de “vamos dançar muito” e “vamos amar toda a gente”. Esta vertente de DISCO não é particularmente negativa porque o público não sente que lhe ficam a dever nada. É suposto ser um álbum divertido que serve para deixar aqueles que o ouvem mais felizes e livres das espectativas e pressões sociais. É, no fundo, uma “palmadinha nas costas” que diz “dança como se ninguém estivesse a ver”, ou seja, aquela frase mais usada que o álcool em gel em época de COVID-19, mas às vezes é preciso ouvir.

O destaque vai para as faixas “Magic”, “Supernova” e “Unstoppable”. Tal como é sugerido pelo título, “Magic” soa exatamente a uma experiência mágica. É um som relaxado que, combinado com a voz angelical de Kylie, serve como a perfeita abertura para um projeto tão animado. O refrão tem um ritmo viciante, “you got me started and nothing on earth can stop it It’s crazy, I’m falling. I don’t know what else to call it. Boy, do you believe in magic?”.

Já “Supernova” destaca-se pelo som relativamente diferente comparado às restantes faixas. Atenção especial para a introdução “shining like a supernova, brightest of the stars from another galaxy like Jupiter and Mars”. Apesar de ser uma frase cientificamente incorreta, é engraçada e soa muito bem neste contexto, afinal, Kylie Minogue é cantora e atriz, não astrónoma.

Falando agora de “Unstoppable”, a música tem direito a holofote, no fundo, por razões muito semelhantes a “Supernova”. É impossível ficar indiferente às primeiras quatro batidas que iniciam a canção e definem a energia que se fazem ouvir nos três minutos e 35 segundos que se seguem. A própria mensagem do tema é, por si só, positiva e algo a que todos estão recetivos. Trata-se de um tom de amor próprio e amor por todos os outros: “It’s all we need, it’s coming to find you wherever you are. Unstoppable love. It’s lifting us up, forever and ever, for everyone.”

Em última análise, é um álbum disco da Kylie Minogue, a surpresa seria se não fosse o melhor do melhor. DISCO é um exemplo perfeito de o porquê de Kylie ser a maior popstar australiana e uma das maiores estrelas mundiais de sempre.