Ambos os candidatos à presidência da direção da AAUM, Rui Oliveira e Alexandre Carvalho, admitem ter conhecimento de alguns problemas enfrentados pelos estudantes internacionais, mas não da complexidade da situação.
Diego Cantu, estudante de Relações Internacionais, e Taynã Noschese, estudante de Criminologia e Justiça Criminal e fundador da Associação de Estudantes do respetivo curso (AECrimUM), reuniram esta quinta-feira, dia 26, com a Lista X e, na sexta-feira, dia 27, com a Lista A. Em conversa com o ComUM, Diego Cantu diz que o objetivo das reuniões com os candidatos à presidência da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM) foi “questioná-los sobre as propostas em relação aos Estudantes Internacionais, uma vez que é época de período eleitoral”.
Essas reuniões emergiram após o aluno de RI ter postado, na sua conta pessoal do Twitter, um conjunto de críticas direcionadas às listas candidatas à AAUM, devido ao facto de em nenhuma delas existir um único aluno internacional. “Já passou da hora de termos uma representação decente e de sermos ouvidos”, lê-se num dos tweets. O valor “absurdo” das propinas e a falta de alojamento são outros dos problemas apontados.
A questão não é nos tratar como iguais, porque isso não somos. Mas sim entender as nossas necessidades e tentar nos incluir da melhor forma e para isso é preciso sim de um tratamento diferente, para que futuramente possamos ser tratados de igual para igual.
— cantu mas pode chamar de gui (@priceuser) November 25, 2020
O “sentimento de invisibilidade e de mera mercadoria” aliado às consequências da pandemia de covid-19, fá-los reivindicar a inclusão dos EI. “Após percebermos que ambas os candidatos se propuseram a cooperar com a nossa causa, é-nos indiferente que lado vence esta eleição, contando que as promessas feitas tanto pelo Alexandre como pelo Rui sejam levadas a cabo”, afirma Diego Cantu, relembrando que os problemas são “apartidários”.
De mencionar que a representação feita por Taynã Noschese e Diego Cantu é voluntária, uma vez que não existe na academia minhota nenhum órgão formal para os EI. “Como tudo aconteceu de forma extremamente espontânea e rápida não houve tempo para uma organização formal e, como não havia ninguém à frente para levar as nossas reivindicações às listas candidatas da AAUM, decidimos aproveitar o momento oportuno causado pelos tweets e tomar essa posição”, declara Cantu.
Posteriormente às reuniões, os ‘representantes’ do movimento escreveram uma carta aberta aos alunos da comunidade brasileira, à qual o ComUM teve acesso. O documento apresenta como principais focos a integração, a comunicação e o apoio e descreve o conhecimento das listas sobre esses aspetos como “deficitário”, contudo, “disponíveis à auscultação”.
Caraterizando a reunião como “muito saudável”, Alexandre Carvalho, candidato da Lista X, em entrevista ao ComUM, garante que já sabia “a dificuldade que é pagar a propina de estudantes internacionais”. No entanto, houve “muitas conclusões novas” saídas da reunião, como o estatuto do Estudante Internacional. “Se lermos os estatutos, eles só beneficiam de ação social indireta e há que ter ação social direta para os estudantes que necessitam”, considera.
Não tendo nenhum aluno internacional na lista, não quer que isso seja uma “barreira, porque, ganhando, eles podem trabalhar ao nosso lado”. “É importante que estes estudantes estejam a par de como abordamos a democracia na universidade, que para o ano não se repita e que consigam estar diretamente ligados a nós”, refere Alexandre Carvalho.
Sobre propostas concretas, “há a possibilidade de criação de departamentos posteriores à própria lista”. O candidato da Lista X mencionou também formações e workshops gratuitos para ferramentas para os estudantes internacionais, como o ensino da língua portuguesa, escrita académica, literacia digital e, ainda, a redução do valor da propina destes estudantes e perspetivar o seu fim.
Da mesma forma, Rui Oliveira, atual presidente da AAUM e candidato pela Lista A, realça que existe a “vontade que eles [EI] façam parte da equipa permanente de colaboradores da pasta da Inclusão, sendo que este grupo estará na estruturação do plano de atividades e do orçamento”.
Uma das principais queixas é a integração e Rui Oliveira sublinha que durante o seu mandato lançou um Guia de Acolhimento aos novos alunos, “de forma a que os estudantes internacionais conseguissem, independentemente da data a que integrassem a Universidade do Minho, ter acesso a uma série de conteúdos que seriam importantes”. Ainda assim, admite que “é possível adaptar mais alguns pormenores para que aquele documento fique ainda mais completo”.
“Percebemos a importância desta estratégia permanente, de forma a trabalhar problemas e direitos específicos que estes estudantes têm e que nunca tinha sido do conhecimento da atual direção, sendo que reivindicaremos, desde já, a correção dos mesmos”, finaliza Rui Oliveira.