Enola Holmes é o mais recente filme de mistério da Netflix. A longa-metragem estreou no dia 23 de setembro e baseia-se na série literária homônima de Nancy Springer.

Enola Holmes dá-nos a conhecer a irmã mais nova do legendário detetive Sherlock Holmes e Maycroft Holmes, numa perspetiva inovadora e imersa em momentos mais cómicos, enigmas e aventura. Além disso, o filme também faz alusões a eventos mais sérios, tais como o sufrágio feminino e a luta por uma sociedade cada vez mais justa.

A história foca-se em Enola, irmã de Sherlock Holmes, que tenta encontrar a sua mãe desaparecida. A jovem usa a sua fantástica dedução e astúcia para ultrapassar o irmão numa corrida de “quem encontra quem”. A par disso, a protagonista vê-se confrontada com um duque fugitivo e acaba por o ajudar.

Um dos pontos mais positivos da obra cinematográfica é, sem dúvida, a força das personagens femininas. Estas são ilustradas como verdadeiramente inteligentes, corajosas e hábeis com as artes marciais. A inversão de papéis pré-concebidos entre o duque e Enola também reforça este aspeto da longa-metragem. A protagonista apresenta-se astuta, mais racional, corajosa e muito boa a lutar. Esta apresenta características que muitas vezes são associadas ao homem. Enquanto que o duque é débil, amante de plantas e de culinária, aquilo que poderia ser equivocamente associado ao sexo feminino.

Apesar disso, o filme revela-se um pouco confuso, pois a mesma narrativa é dividida em vários mistérios, fazendo com que o espectador perca o foco da ação. Porém, apesar de ser uma obra cinematográfica bem construída, não é espetacular e nem se enquadra num bom nível de excelência.

Em termos visuais, Enola Holmes tem imagens muito bonitas e bem enquadradas, criando o cenário perfeito alusivo à época. Contudo, o mais interessante são as cores que enaltecem linearmente os contrastes entre o campo (verde e cores garridas) e a cidade de Londres (cinzenta, cores monótonas).

A performance dos atores foi bastante boa e muito natural, mesmo nos momentos em que Enola (Millie Brown) tem os seus apartes. Quanto à banda sonora, esta integrou-se perfeitamente para retratar a época. No entanto, a música que envolve o filme não é revolucionária nem capta muito a atenção. Aliás, se me perguntassem no final da obra um único momento musical, não saberia identificar nenhum, porque, de facto, os produtores não lhe conferiram a devida importância.

No geral, é uma ótima aventura para se apreciar em família e acaba mesmo por proporcionar um bom momento de entretenimento. No entanto, não diria que é uma longa-metragem imperdível ou de outro mundo.