O KPop tem, nos últimos tempos, dominado o cenário musical mundial e o grupo Twice tem deixado a sua marca neste género que ganha cada vez mais força. No passado dia 26 de outubro, o Grupo Feminino da Nação, como são conhecidas na Coreia, lançou o segundo álbum, Eyes Wide Open.

As 13 músicas que constituem o álbum dão continuação à narrativa contada no último mini-álbum lançado em junho. Para além disso, a banda traz um conceito “que nunca tinham explorado antes e que demonstra o quanto cresceram nos últimos tempos”, declaram as integrantes Sana e Jihyo numa live especial em comemoração a este lançamento. Ainda, “Pela primeira vez, cantamos sobre o nervosismo e a inquietação. Toda a gente tem, simultaneamente, um lado luminoso e um lado nervoso. Através deste álbum, espero que possam ver um lado de diferente do que as Twice são”, acrescenta Mina nessa mesma live.

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O álbum é, maioritariamente, um mergulho no retro-pop e no disco-pop, com algumas pegadas de R&B, acústico e balada. Não podemos ignorar os visuais do álbum inspirados em mundos de fantasia e em revistas de moda dos anos 90.

O trabalho é inaugurado com a melódica música-título “I Can´t Stop Me“, que tem como base uma magnífica melodia retro-pop, um género altamente badalado em 2020. As meninas mostram, com os incríveis vocais e com uma produção excelente, que esta faixa é única e distinta das muitas músicas com inspiração nos 80s que têm sido lançadas.

A faixa começa com um xilofone que nos leva às estrelas e que se desenvolve para um clima mais sensual de R&B, enquanto as integrantes cantam sobre terem que se controlar quando expostas ao limite entre o bem e o mal. Acompanhada de um videoclipe fantástico e altamente bem produzido, “I Can’t Stop Me” é, sem dúvida, a melhor faixa do álbum. O registo reflete, ainda, as capacidades vocais das artistas, algo totalmente novo apresentado pelo grupo.

Segue-se “Hell In Heaven“, que se inicia, desde logo, com uma batida mais sensual e misteriosa baseada no R&B contemporâneo que nos deixa intrigados como se irá desenrolar a música. “Up No More”, escrita pela líder Jihyo, é essencialmente uma música dream-pop que nos faz sentir relaxados e felizes. Por sua vez, escrita pela integrante Sana, “Do What We Like” é a típica música minimalista que encontramos em todos os trabalhos das Twice e que nada traz de novo.

O mesmo pode ser dito da faixa totalmente assente no R&B “Bring It Back”. Escrita pela rapper Dahyun, começa com um ritmo interessante e o refrão é completamente distinto do som que costumam trazer. Contudo, num certo ponto, a música não desenvolve e acaba por se tornar repetitiva, ainda que a bridge tente oferecer uma musicalidade diferente, não se interliga com o resto da música. Outra faixa que, apesar de ser mais agradável de se ouvir, perde por se parecer lançamentos passados, é a mexida “Believer”.

Com “Queen”, escrita também por Dahyun, o som esquenta e torna-se mais sedutor, confiante, sofisticado e Girl Power, tal como elas cantam: “You are a queen”. Uma música com uma pitada de feminismo e uma melodia completamente diferente que se torna ainda mais proveitosa com o uso de Trompetes e a harmonização das integrantes. A mensagem de confiança continua com a rítmica ”Go Hard” que incorpora um vibrante Moombahton no refrão que provoca na nossa alma o desejo de dançar.

Shot Clock” é uma mudança total. Com tambores e, mais uma vez, trompetes a tocar, um clima que relembra cheerleading toma conta de nós. À primeira audição, a música transmite energia e alegria, mas perde pela falta de originalidade, já que a música se assemelha a antigos trabalhos do grupo e até mesmo de outros grupos de KPop.

Chega à vez de Chaeyoung abrir o coração e escrever sobre a experiência de terminar uma relação em “Handle It”. A mistura de um género de balada com um jazz suave e uma guitarra acústica tem um resultado excelente e leva o nosso coração partido a unir-se uma vez mais. “Depend On You”, escrita por Nayeon, é outra balada acústica que soa bem no ouvido e que nos apresenta um beat no refrão único em todo o álbum. Porém, não podemos dizer que é impactante e original.

Quase a chegarmos ao fim do álbum, “Say Something” é uma música que tem na base do seu instrumental, o agradável e famoso city-pop extremamente popular no Japão nos anos 90. Por fim, a terminar o álbum de forma tranquila e emotiva, “Behind The Mask” não acrescenta nada que já não tenhamos ouvido no álbum. Ainda assim, é dos temas mais bonitos do projeto, para não falar que conta com a composição de Dua Lipa.

Twice é um nome poderoso na indústria do KPop que tem provado ser capaz de trazer diversidade e diferentes conceitos. Desde 2015, ano de estreia do grupo, lançaram já 8 mini-álbuns e 2 álbuns completos, que nos deram a conhecer os inúmeros charmes deste grupo de 9 integrantes.

Arrisco-me a dizer que Eyes Wide Open, ainda que com alguma falta de diversidade, é dos melhores álbuns desta carreira que comemorou 5 anos em outubro. Esperemos que no próximo álbum as meninas se lancem totalmente no caminho da diversidade e originalidade musical.