O aluno do 1º ano de RI afirma que a prioridade da sua lista é o aumento da representação dos alunos e dos seus problemas em órgãos como a RGA.
A Lista Y é candidata à Mesa da Reunião Geral de Alunos da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM). O candidato à presidência da Mesa, Gonçalo Silva, esteve à conversa com o ComUM e partilhou algumas das suas ideias caso a eleição dite a sua vitória.
ComUM – O que motivou esta candidatura?
Gonçalo Silva – Esta candidatura foi motivada pela necessidade de existir uma maior representação dos alunos no órgão democrático que é a Reunião Geral de Alunos.
Precisamos de ver a RGA como dos poucos órgãos herdeiros do antigo regime jurídico das instituições do ensino superior, o GIES. Em que nós ao longo de cinco/dez anos vimos uma redução imensa no que é a participação democrática dos alunos na gestão da universidade e na gestão da academia e, de facto, o que me tem preocupado ao longo do ano passado, principalmente, que foi o ano em que estive presente na academia, foi que eu senti uma falta de comunicação por parte da atual mesa da RGA na divulgação das RGA’s e que se manteve ao longo do último ano um órgão muito obscuro onde a participação dos alunos era mesmo diminuta. Por exemplo, no início deste mês, no dia 4, decorreu uma RGA, muitos alunos não foram informados do acontecimento.
Nós, desde o início da campanha da nossa lista já contactamos mais de 200 alunos presencialmente e lamento informar que só cinco ou seis alunos sabiam o que era uma RGA e só dois desses é que participaram na RGA. É um órgão muito importante que está a ser muito desperdiçado e precisamos mesmo de mudar o rumo.
ComUM – És um candidato mais jovem comparado com outros e, segundo alguns, um pouco inexperiente. Já esperavas este tipo de opiniões acerca de ti, ou foi algo com que tiveste de aprender a lidar?
Gonçalo Silva – Eu acho que a questão da idade não é muito preponderante. Eu já me envolvo no associativismo juvenil e estudantil desde o meu 11º ano, ou seja, há cerca de quatro anos. Já participei em várias RGA, já tive questões muito caricatas em RGA’s e, de facto, só tenho 19 anos.
Sempre senti uma necessidade e uma realidade que se calhar não me era favorável e que eu não via com bons olhos, que é o facto de os alunos serem afastados do processo democrático.
ComUM – Sempre quiseste concorrer a este cargo?
Gonçalo Silva – Eu acho que não é uma questão de cargos. O fundamental é fazer a representação dos alunos nos órgãos da associação académica. O facto da candidatura ser da mesa da RGA vem um bocado da minha experiência enquanto aluno e estudante de várias instituições de ensino superior e de instituições de ensino secundário, e vejo uma necessidade que não se limita só na Universidade do Minho, mas que estende por várias outras academias e escolas ao longo do país.
ComUM – Há quanto tempo é que este projeto de candidatura está em desenvolvimento?
Gonçalo Silva – Está em desenvolvimento desde o início do ano letivo. As aulas do primeiro ano começaram efetivamente mais tarde, infelizmente, mas este projeto, esta candidatura, já vinha a ser ponderada desde que soube da minha colocação nesta academia.
Já tinha sido aluno universitário o ano passado e também de outra instituição do ensino superior e, de facto, possuía uma visão. Infelizmente, não é muito comum, mas eu, percebendo essa importância e a importância do órgão, senti que se calhar eu deveria proceder nesta campanha, não só de modo a ser eleito, mas também para mostrar o que tem sido visto nas minhas ações de contacto e da minha lista, que é perceber e dar a conhecer aos alunos a importância da participação democrática nos órgãos da Associação Académica.
ComUM – Qual é o fator mais influente de uma lista funcional, as pessoas ou o próprio plano eleitoral?
Gonçalo Silva – Eu acho que são os dois bastante importantes. O plano eleitoral vem não só das próprias pessoas que se estão a candidatar e da dedicação que têm por detrás disto. Eu acho que, se calhar, o que nos diferencia das outras listas é que nós, ao contactarmos diretamente os estudantes e as nossas ações de contacto serem junto destes, percebemos bem as suas necessidades.
São-nos colocadas questões de variadíssimos tipos, desde a associação académica às aulas online. Já nos vieram dar muitas queixas das aulas online e de que forma é que seria possível mudar esta situação mesmo depois da pandemia estar resolvida. E agora, numa ótica como individuo estudantil, sinto que as últimas ideias do ministério foram prorrogar o estabelecimento das aulas online mesmo depois da resolução do problema do vírus e a maioria dos alunos a quem expomos estas questões fica um pouco assustado, “não, isto não pode ser assim, isto precisa de mudar, isto é fundamental”.
Nós percebemos perfeitamente essa luta, o que é uma necessidade de uma RGA, de saírem questões, atas e noções que sejam um reflexo das necessidades e aspirações dos alunos e dada o que nos acontece hoje, que é fruto da falta de participação dos alunos e exposição das próprias RGA’s. Uma minoria muito ínfima fica sempre deslocada nas RGA’s e a maior parte das questões não são de facto debatidas e colocadas nas RGA’s.
ComUM – Lemos a formalização da tua candidatura e percebemos que o número de alunos que frequenta as RGA é algo com que te preocupas. Caso sejas eleito, esta vai ser a tua “maior batalha”?
Gonçalo Silva – Sim, vai ser uma das maiores batalhas, sem dúvida. Nós temos agora uma publicitação das RGA através do e-mail institucional e se calhar de um círculo fechado de alunos, mas nós, como estudantes e democratas, não devemos perspetivar isto desta forma. Devemos perspetivar que isto deve ser materializado numa grande perceção do que é uma RGA, como se faz, como se vai, como se discute, como se apresenta e como funciona. O que tem acontecido é que isto, de facto, não é materializado.
Uma das nossas grandes ideias é perceber até que ponto seria possível um maior contacto da mesa e dos núcleos dos alunos, nomeadamente dentro dos núcleos, e não só em centros de estudo como delegados de turma, algo que é muito importante. Por si só, uma tarefa de um delegado de turma e de membros de pleno direito da associação académica é dar a conhecer as funções, os órgãos e a importância do que é uma participação ativa na gestão da academia.
ComUM – O que distingue a tua lista da sua concorrência? Porque achas que os alunos devem votar na lista Y e não noutra?
Gonçalo Silva – O que nos diferencia e que foi perfeitamente visível nos alunos foi que, durante esta última semana, a lista Y ficou ao lado dos alunos, potenciou a dinâmica de contacto direto, de discussão e de auscultação de problemas.
Este ano as matrículas foram online, mas no ano anterior ocorreram de forma presencial no pavilhão de desporto no campus de Gualtar. No processo, eu acho que no corredor físico por onde já passamos o único órgão da qual ouvimos falar é a comissão de festas, o que não deixa de ser importante, mas sendo a RGA o órgão juridicamente mais forte dentro da associação académica, a lista Y questiona o porquê de não ter havido uma divulgação presencial dos alunos do primeiro ano do que é a participação de uma RGA e a importância dessa mesma ação.
ComUM – O que tencionas fazer de diferente caso sejas eleito presidente da Mesa da Reunião Geral de Alunos?
Gonçalo Silva – Acho que neste debate e nesta discussão das mesas da RGA, como eu e outros candidatos já dissemos, não há muita divergência no ponto de vista de ideias e debates, porque um dos objetivos da mesa é ser o mais imparcial possível e ser, de facto, uma ligação entre a massa dos estudantes e a associação académica. O que falta muito, que é a função das mesas, é perceber que tipo de problemas estão a ser enfrentados pelos estudantes e a sua divulgação.
A RGA não é um órgão no qual sejam discutidas necessariamente ideias, uma vez que a função da mesa da RGA é ser o mais imparcial possível e estabelecer um elo de ligação entre os estudantes, a reitoria e a associação académica. Eu acho que a forma de como olhamos para este órgão, como sendo um órgão cheio de potencialidades, em que num universo de 20 mil alunos, não há de haver limite até aos 20 mil da participação dos alunos e acho que uma das grandes diferenças será, se calhar, lá esta, uma perspetiva do órgão da RGA e da própria RGA como sendo um órgão de representação dos estudantes, onde os estudantes discutem os seus problemas, o que lhes faz falta, o que é preciso fazer e que tipo de soluções.
Eu acho que, tendo em conta as questões do ano passado e da pandemia, não entendo como é que os alunos se viam numa azáfama em que não percebiam o que se ia passar, se a universidade disse não ao fechar, como é que as aulas iam acabar até ao final do ano e o facto de não ter havido uma divulgação ou uma postura e emoções por parte da RGA evidencia um bocado esse fator.
Artigo por: Adriana Brito e Alexandre Folgado