Os dados foram uma comparação entre os valores detetados entre 20 de fevereiro, 25 dias antes da declaração do estado de emergência, e 9 de abril, durante o confinamento.

A concentração de dióxido de azoto (NO2) no ar de várias cidades portuguesas diminuiu “muito significativamente” durante o primeiro estado de emergência, comprovando os efeitos nocivos do tráfego rodoviário para a qualidade do ar, defenderam hoje especialistas. Em Guimarães, a redução foi de 60%, a quarta maior do país, enquanto Braga reduziu em 49%.

“As percentagens de redução são muito significativas. Verifica-se que em Lisboa 79% da redução foi devido ao estado de emergência”, afirmou Dília Jardim, da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), durante a conferência “Lisboa mais verde e mais saudável: Os Desafios da Poluição Atmosférica”. Para além da redução verificada em Lisboa, em Coimbra a redução foi de 66%, no Porto de 62%, em Guimarães de 60%, em Braga de 49%, em Setúbal de 37% e em Aveiro de 26%, a menor redução das cidades apresentadas.

“Isto mostra-nos que esta situação excecional deu-nos uma prova do que sabíamos na teoria”, afirma, considerando que estes dados dão “motivos para refletir e repensar” os “comportamentos e as ações”. Dília Jardim defende que a adoção de teletrabalho para uma grande parte da população, que é “hoje em dia uma realidade”, o incremento dos serviços online e das compras online e do takeaway foram “um fator que teve um acréscimo e que veio para ficar e pode ser relevante em termos de redução de emissões”.

Também Sandra Mesquita, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT), destacou que “com o Estado de Emergência e o Estado de Calamidade, do confinamento e do desconfinamento, houve ali uma quebra substancial nas médias, e depois, com a retoma do tráfego rodoviário na cidade, as concentrações subiram”. Segundo Sandra Mesquita, “se o ano acabasse ontem estaríamos a cumprir, por pouco, o valor limite de NO2 para 2020, tendo em conta os valores em cinco estações de medição do ar em Lisboa (Avenida da Liberdade, Entrecampos, Olivais, Restelo e Santa Cruz – Benfica)”.

A conferência pretende efetuar um diagnóstico da cidade ao nível das políticas ambientais, avaliar o impacto do ambiente urbano na saúde, no bem-estar da população e na economia da cidade. Visa ainda analisar os efeitos nocivos na saúde por fatores de contaminação ambiental.