Spontaneous estreou a 2 de outubro, nos Estados Unidos. A fantasia cómica, baseada no livro com o mesmo nome, retrata a história de uma turma do ensino secundário em que os alunos começam a explodir sem explicação. Por causa destes acontecimentos inéditos, o medo de que último momento seja a qualquer momento, faz nascer um romance entre dois colegas.

Com um timing um bocado questionável, especialmente pelo humor negro que o caracteriza, o filme relata uma espécie de pandemia que ocorre apenas entre os estudantes do 12º ano de uma certa escola. Não é preciso esperar muito até ocorrer a primeira explosão e é aí que é apresentada a protagonista, Mara (Katherine Langford), que vai fazendo comentários sarcásticos (e, sinceramente, insensíveis) acerca dos colegas sempre que algum entra em combustão.

Inicialmente, começam a suspeitar que a primeira estudante a explodir está envolvida em atos terroristas. No entanto, a polícia acaba por descartar essa opção ao constatar que apenas o corpo dela explodiu, sem afetar nada do que se encontrava à sua volta. É assim que os colegas percebem que, o que quer que tenha acontecido, pode também ocorrer com eles e o pânico instala-se.

É, curiosamente, o medo de ser “o próximo” que leva Dylan (Charlie Plummer) a declarar-se a Mara, que acaba por reciprocar o sentimento. O romance dos dois desenvolve-se, quase como imune ao ambiente caótico que os rodeia, ao longo da longa-metragem. Estes acabam por se tornar o pilar um de outro face à situação, aliando-se o humor negro de Mara à calma, quase indiferente, de Dylan.

O desespero crescente de todas as personagens evidencia-se ao longo da trama, chegando algumas a enlouquecer totalmente. Isto parece-me, por mais que se dê muito mais importância ao frívolo romance, um dos planos mais interessantes e com grande relação com a situação do mundo atual.  Há mesmo uma cena particularmente curiosa em que várias personagens se revelam paranoicas ao acreditarem que o que está a acontecer é culpa sua pelos motivos mais disparatados.

Apesar da performance agradável de Katherine Langford, enquanto protagonista, e das felizes representações de Piper Perabo e Hayley law, a obra cinematográfica não é salva da mixórdia total que é. Nem a bando sonora, mesmo que interessante e bem posicionada vem aclarar Spontaneous.

O argumento e as piadas tentam tão forçosamente agradar à “geração z”, que é quase doloroso de assistir. Além disso, a falta de personalidade do protagonista masculino, o roteiro preguiçoso e a quantidade de perguntas sem respostas depreciam imenso a qualidade do filme.

Globalmente, é uma longa-metragem de fácil visualização por ser consideravelmente curta e ter um bom ritmo. Contudo, não considero que isso seja o suficiente para compensar as lacunas que evidencia.